Cotidiano Guarapuava

“Estou fazendo o exercício de receber”, diz Dani Leela sobre rifa

Lutando contra um câncer de mama, Dani Leela conta com a empatia de amigas que fizeram uma rifa para auxiliar as despesas do cotidiano

Por Cristina Esteche
26/10/2021

Dani Leela (Foto: Tonny/Lumiére)

Muito mais do que arrecadar recurso financeiro, uma rifa que circula entre amigos, é uma demonstração de amizade. O centro dessa ação é a fotógrafa Dani Leela, que luta contra um câncer de mama. Conforme Dani, um dia ela contou a três amigas [Índia, Graciela e Andreia] que estava impossibilitada de trabalhar por causa do tratamento.

“De repente, estava em casa e começou a receber pix de R$ 10”. De acordo com a fotógrafa, mais tarde ela ficou sabendo desse gesto de sororidade. “Estou num exercício de receber, pois a gente não imagina o que um ser humano pode fazer de bonito. Sou só gratidão”.

Conforme Dani Leela, a rifa conta com 55 produtos variados. O valor para quem deseja concorrer é de apenas R$ 10. Bastando para isso, fazer um pix: 99580500 (celular). “Estou recebendo como um carinho, porque a gente fica muito vulnerável”.

“UM PASSO DE CADA VEZ”

Dani Leela é conhecida pela sensibilidade e leveza dos ensaios fotográficos, principalmente, sobre o sagrado feminino. Também gosta de registrar momentos de aventura. No entanto, quando descobriu que estava doente, passou a viver uma nova realidade.

“Sempre fui uma pessoa que cuidou da saúde. Exercícios físicos em dia, comida saudável. Só fiquei sem fazer exames no ano passado por causa da pandemia”. Todavia, neste ano, durante exames de rotina, veio a surpresa. “Apareceu uma textura diferente no seio direito. Fui encaminhada para o oncologista e já comecei o tratamento. Faço pelo SUS”.

De acordo com a fotógrafa, hoje ela vive uma nova realidade. “Você refaz crenças. No começo perdi o chão. Entrei num luto pela vida que tinha antes. Eu estava na minha melhor fase. Me abrindo, fazendo montanhismo”. Mas os desafios surgem e Dani os encara de frente.

Quando descobri a doença subi o Pico Paraná para olhar lá de cima, contemplar. Até processar tudo é um luto. Você vai repensando, recebendo a nova vida, conhecendo o novo corpo. Ele convida a gente a mudar de vida. Então é preciso dar um passo de cada vez.