22/08/2023
Cotidiano

Estradas ruins prejudicam escoamento da produção, reclamam pequenos

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Faxinal dos Fiúzas, Ente Rios, Jordão, reclamam do descaso com a agricultura familiar

A falta de manutenção nas estradas do interior de Guarapuava está sendo a pauta das reclamações feitas por produtores rurais. Eles estão preocupados com o escoamento da produção e com o transporte escolar.
“A nossa situação é muito difícil, pois as estradas estão em péssimas condições e não vamos ter como tirar a nossa produção”, afirma Leonardo Zandela, que mora no Jordão. Segundo ele, há mais de seis anos as estradas não recebem nenhum tipo de recuperação.
O também produtor rural Antonio Sebastião Ferreira, conhecido como Tote, engrossa as reclamações. “As estradas estão intransitáveis e já causam problemas ao transporte escolar. O nosso caso é de calamidade e o que revolta é que um pouco antes das eleições alguns trechos foram arrumados. E os outros produtores que não foram beneficiados como é que ficam?” questiona.
Para o presidente da Associação dos Produtores Rurais do Vale Jordão (Aprovale), Arlei Tobin, o pequeno produtor rural não está merecendo a devida atenção por parte da Prefeitura.“Somos nós que colocamos o alimento na cidade e também estamos produzindo 600 litros de leite por dia, cuja entrega no resfriador está bem complicada”, diz Arlei.
Em época de chuva a situação das estradas também não permite a trafegabilidade dos ônibus do transporte escolar “Quando chove as estradas ficam ruins e alguns alunos não têm condições de chegar até a escola”, diz a secretária do colégio Bibiana Bittencourt, no Jordão.
Nas localidades que compõem o distrito de Entre Rios a situação não é diferente, principalmente no Paiol de Telha. “Não sabemos mais a quem recorrer. Estamos ilhados aqui, com buracos por todos os lados. Nossa comunidade está padecendo”, afirma a quilombola Ana Maria da Cruz Oliveira.
Segundo a diretora do Colégio D. Pedro, na Colônia Vitória, Glaci Estacheski, os alunos acabam faltando justamente porque não têm condições de vir à escola.
Com cerca de 3,6 mil quilômetros de estradas rurais, o equivalente à distância até Fortaleza, no Ceará, Guarapuava convive com esse problema que pela situação já se tornou crônico. “Quando começamos o trabalho de recuperação num trecho e chove quando estamos no meio do caminho, temos que retornar ao início”, observa o secretário municipal de Obras, Flavio Veras.
Atualmente, duas das três equipes da Secretaria estão trabalhando em dois distritos. Uma delas encontra-se na região do Guairacá e outra na localidade de Gramados no Jordão. “Esta vai subir em direção ao Taguá”, anuncia. A terceira equipe trabalha na cidade.
Pela extensão das estradas rurais, apenas essas equipes são poucas. Segundo Veras, a intenção é dobrar esse número.
De acordo com Flavio Veras, os maiores distritos são Entre Rios e Palmeirinha com cerca de mil quilômetros de estradas cada um, enquanto o Guará e o Guairacá detêm cerca de 800 quilômetros cada um.
O presidente da Associação de Moradores de Faxinal dos Fiúzas, José Eloir dos Santos no Guairacá, porém, dá uma outra versão. “As estradas estão péssimas. A máquina da Prefeitura esteve lá, fez menos de dois quilômetros e foi embora. Não temos como escoar a produção; o transporte escolar está precário”, reclama.
Faxinal dos Fiúzas é composto por cerca de 80 famílias, a maioria de agricultores familiares e verdureiros que precisam tirar a produção diariamente. Outro problema levantado é o fluxo diário de caminhões bitrens carregados de madeira. “Isso acaba com o resto que sobrou das estradas”, observa o presidente.

Cristina Esteche

Jornalista

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