Da Redação, com Assessoria
Foz do Iguaçu – Um dos principais desafios da engenharia na atualidade é planejar e desenvolver projetos que consigam aliar resolução de problemas, baixo custo e sustentabilidade ambiental. Dentro desse panorama, os biodigestores surgem com a proposta de aproveitar resíduos orgânicos como uma nova fonte de energia. No Paraná, esse sistema é utilizado principalmente na zona rural, onde agricultores utilizam biodigestores para produzir biogás em suas propriedades. Agora, um projeto desenvolvido por uma estudante da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) visa mostrar que é possível adotar essa fórmula também nos centros urbanos.
A acadêmica de Engenharia Química, Kelly Borne, realizou um estudo de dimensionamento para implantar um biodigestor em um prédio residencial do centro de Foz do Iguaçu. O levantamento mostrou que é viável economicamente utilizar o sistema de biodigestor do modelo Reator Anaeróbico de Fluxo Ascendente (RAFA) em um condomínio residencial. O projeto, intitulado “Dimensionamento de um biodigestor: aproveitamento do resíduo sólido urbano para a geração de biogás”, foi um dos vencedores do Prêmio Sanepar de Tecnologias Sustentáveis.
A TECNOLOGIA
Durante o estudo, Kelly e o ex-aluno Jhony Rodrigo da Silva, que também participou do projeto, mediram a quantidade de esgoto e lixo orgânico gerado pelo prédio, que tem 720 moradores. A partir desses dados, foram realizados cálculos para dimensionar a biodigestão. Os resultados mostraram que o reator poderia fornecer 15,3 metros cúbicos de biogás por dia para o condomínio. Apesar do local ter uma necessidade energética maior, de acordo com a aluna, ainda haveria uma economia de R$ 10,8 mil por ano na conta de energia elétrica. “Mesmo sendo uma produção baixa se comparada ao consumo total, consideramos que é viável economicamente já que é uma tecnologia barata e ambientalmente correta. A energia gerada é renovável e causa menos efeito estufa (se comparada às energias fósseis). E, além disso, também estaríamos tratando o esgoto e os resíduos orgânicos do prédio, trazendo mais benefícios para o meio ambiente”, analisa Kelly. O estudo contou com a orientação da professora Andreia Cristina Furtado.
A estudante explicou que o biodigestor é um tanque hermeticamente fechado, de forma a impossibilitar a entrada de ar e acelerar a decomposição da matéria orgânica. “Na parte inferior, ele tem um sistema de tratamento dos dejetos, onde o biometano é gerado por micro-organismos por reação anaeróbica. E, na parte superior, o reator tem um decantador e um sistema para liberar o biogás gerado”. O biogás, produzido pelo biodigestor, pode ser utilizado diretamente como gás de cozinha ou no aquecimento térmico do condomínio, sem necessidade de nenhum processo de tratamento ou purificação.
SAVE
O estudo sobre a viabilidade dos biodigestores residenciais faz parte do Programa SAVE. “Essa é uma iniciativa de estudantes e professores da Unila que produz e desenvolve materiais e experimentos científicos que mostrem a importância dos agentes SAVE (Sol, Água, Vida e Energia) e do conceito de economizar para promover a sustentabilidade”, explica o professor Oswaldo Hideo Ando Junior. Atualmente, cinco estudantes de diferentes cursos de graduação da Universidade participam como voluntários do programa, que conta com o apoio da Estação Ciências do Parque Tecnológico Itaipu (PTI).
Com o Prêmio Sanepar de Tecnologias Sustentáveis, a estudante Kelly Borne recebeu R$ 5 mil, que pretende utilizar na implantação de um biodigestor em outro projeto realizado pelo Programa SAVE. A aluna irá apresentar o estudo em janeiro de 2017, em Curitiba, durante as atividades de comemoração do aniversário de fundação da Sanepar.