22/08/2023
Saúde

Estudo mostra avanços no diagnóstico das hepatites virais no Paraná

No Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, lembrado nessa terça feira (28), a Secretaria Estadual da Saúde lançou o primeiro boletim epidemiológico sobre a situação da doença no Paraná. O estudo leva em conta o perfil dos casos registrados entre 2007 e 2013 e aponta uma melhoria na taxa de detecção de novas ocorrências, sobretudo em relação às hepatites B e C. 

De acordo com o secretário estadual da Saúde em exercício, Sezifredo Paz, o aumento no número de casos notificados não significa que a doença esteja avançando no Estado. “O que acontece é que ampliamos a oferta de testes rápidos, melhorando o acesso ao diagnóstico precoce. Hoje, todos os municípios do Paraná têm profissionais capacitados para fazer o exame, que é simples, rápido e confiável”, destacou. 

O boletim epidemiológico foi lançado durante a abertura do Seminário Estadual de Combate às Hepatites Virais, em Curitiba. O evento reuniu gestores e profissionais de saúde de todo o Estado para tratar sobre as novas alternativas disponíveis para o diagnóstico e tratamento da doença. 

Para a superintendente de Vigilância em Saúde, Eliane Chomatas, o documento é um importante instrumento para subsidiar as ações das equipes das redes pública e privada. “Agora, anualmente, todos terão acesso a informações úteis sobre o comportamento da doença em cada região. Isso possibilitará que os serviços de saúde fiquem mais atentos aos casos suspeitos vindos de regiões com um número considerável de casos”, afirmou. 

DOENÇA

Atualmente, as hepatites virais são a principal causa relacionada a pacientes na fila de espera por transplante de fígado no País. A preocupação é maior com os tipos B e C, que geralmente se desenvolvem na forma crônica e silenciosa, podendo não apresentar sintomas por até 20 anos. Muitas vezes as pessoas só descobrem que têm a doença ao doar sangue ou ser submetido a algum procedimento cirúrgico. 

De acordo com o estudo apresentado hoje, em 2007 foram notificados no Paraná 1.538 casos de hepatite B. Seis anos depois, foram 1.821 registros, um crescimento de 18%. Já em relação à hepatite C, o aumento foi de 17% – passou de 806, em 2007, para 948 casos em 2013. 

Quanto à hepatite A, o boletim revela uma queda significativa no número de casos. Constatou-se uma redução de 94%, caindo de 1.409 ocorrências (2007) para 84 (2013). “Tudo isso é fruto da melhoria nas ações de prevenção. Como a transmissão da hepatite A está ligada a questões de higiene e saneamento básico, os investimentos nesta área permitiram que controlássemos a doença”, explicou o chefe da Divisão de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria da Saúde, Francisco Santos. 

VACINA

Outra forma eficaz de prevenir as hepatites é a vacinação, oferecida gratuitamente na rede pública. Contra o vírus do tipo A, a dose está disponível para crianças com idade entre um e dois anos incompletos. Já contra o vírus tipo B, a vacina é ofertada para todas as pessoas de até 49 anos. 

Também têm direito à vacina contra a hepatite B pessoas que fazem parte de determinados grupos de risco, independente da idade – manicures, pedicures, podólogos, tatuadores, caminhoneiros, bombeiros, policiais (civis, militares e rodoviários), doadores de sangue, profissionais do sexo e coletores de lixo, entre outros. 

“São indivíduos que estão mais expostos a uma infecção acidental e por isso precisam estar protegidos. No Paraná, quase 80% da população está apta a receber as doses gratuitas”, explica o coordenador estadual de Imunização, João Luis Crivellaro, lembrando que para a hepatite C ainda não existe vacina. 

TESTES

Desde 2011, mais de 5 mil profissionais de saúde da rede pública foram treinados para oferecer o teste rápido da hepatite em unidades de saúde, prontos-socorros e hospitais de referência. O exame também pode ser realizado em praças e eventos, o que facilita ainda mais a adesão da população. 

Nesta semana, uma série de ações está programada para alertar os paranaenses sobre a prevenção, diagnóstico, sintomas e tratamento da doença no Estado. Em Curitiba, o Governo Estadual, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), vai montar uma tenda na Praça Rui Barbosa para distribuir materiais educativos e oferecer testes rápidos gratuitamente. A ação acontece nesta quarta (29), das 9h às 16h30. 

Veja as formas de transmissão, prevenção e sintomas de cada hepatite viral: 

HEPATITE A 

Transmissão: pode ser adquirida pela água ou alimentos contaminados, mãos mal lavadas ou sujas de fezes e por objetos contaminados. 

Prevenção: manutenção de medidas de higiene pessoal, saneamento básico de qualidade e cuidado no preparo de alimentos. Há também a vacinação de crianças com idade entre um e dois anos incompletos. 

Sintomas: icterícia (aparência amarelada), diarreia, fezes esbranquiçadas, urina escura, enjoo, vômitos, perda de apetite, mal-estar, fraqueza, febre e dor abdominal. 

HEPATITES B e C 

Transmissão: ocorre pela relação sexual, contato com sangue infectado ou de forma vertical – da mãe para o filho durante o parto. 

Prevenção: utilizar preservativo nas relações sexuais, não compartilhar objetos de uso pessoal (escova de dentes, lâminas de barbear, cortador de unha, alicates e objetos perfurocortantes), para uso de drogas ou para colocação de piercings e tatuagens. Para hepatite B, a vacina também está disponível na rede pública para pessoas com até 49 anos e determinados grupos de risco. 

Sintomas: são semelhantes aos da hepatite A, mas nem sempre se manifestam. Icterícia (aparência amarelada), diarreia, fezes esbranquiçadas, urina escura, enjoo, vômitos, perda de apetite, mal-estar, fraqueza, febre e dor abdominal.

Cristina Esteche

Jornalista

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