22/08/2023

Ex-companheiros de banda comentam legado de Ivo

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Guarapuava – Na cidade, sábado passado, a banda curitibana Blindagem, uma verdadeira instituição do rock paranaense, iniciou uma nova fase após 30 anos de carreira, sem o vocalista Ivo Rodrigues, falecido há duas semanas. “Ele foi uma figura marcante. É difícil separar a história do Blindagem da história de vida do Ivo. São coisas que ninguém quer que aconteça” lamenta o baixista Paulo Juk, destacando que a banda continua na ativa já que a vontade de Ivo era de que o Blindagem continuasse na ativa.

Com relação a homenagens, Juk descarta qualquer coisa especial e pré-programada. “Toda vez que estivermos no palco tocando uma música que ele compôs, estaremos homenageando ele”, comenta. Quando o assunto é o vocalista, é impossível não notar a emoção e a saudade do antigo companheiro. “O Ivo sempre foi um cara muito metódico, que vendia a imagem de um grande roqueiro. E foi justamente o que o transformou no que ele era. O Ivo acreditava bastante nisso”, afirma o baixista, que acrescenta ainda que o vocalista era uma pessoa extremamente criativa, companheira e apaziguadora.

O guitarrista Alberto Rodriguez comenta ainda que a imagem normalmente associada a Ivo é bem diferente do que acontecia no dia a dia. “Ele era cumpridor dos horários. Sempre era o primeiro a chegar e nunca faltava aos ensaios”, destaca. Outra característica marcante do vocalista era o bom humor. “Ele tinha um lado irreverente muito forte. Às vezes tínhamos reservas quanto a algumas palavras utilizadas nas letras, mas no meio da música soava legal. Ele estava sempre provocando, tentando quebrar paradigmas”, lembra o baterista Ruben “Pato” Romero.

Com a ausência do vocalista, os músicos destacam que o papel de compor as letras deve ficar dividido. “Normalmente, o Ivo vinha com a letra pronta e a gente fazia os arranjos. Agora teremos que ocupar esse espaço deixado por ele”, diz Rodriguez, comentando que a banda deve começar a trabalhar em um material inédito em breve. Atualmente, o Blindagem toca semanalmente em uma bar de curitibano e tem se apresentado principalmente no Sul do Brasil e em São Paulo, local que os membros da banda destacam como sendo hoje o principal mercado do Blindagem

Recomeço

O lugar de Ivo foi ocupado pelo vocalista Rodriggo Vivaz, ex-membro da banda curitibana The Elder. Ele já vinha se apresentando com o Blindagem desde o ano passado quando Ivo passou por um transplante de fígado – na passagem da banda por Guarapuava em 2009, Vivaz já era o responsável pelos vocais.

"O Ivo já havia aprovado o Rodriggo na banda”, comenta Juk. Ele e os companheiro não poupam elogios ao novo front-man do Blindagem. “Houve um grande entrosamento entre ele e nós. Entrar em uma banda com 30 anos de estrada não fácil. No entanto, quando ele começou a nos ajudar, parecia que o Rodriggo fazia parte da banda a anos”, comenta Juk.

“Nosso entrosamento é grande. Ás vezes o músico tem qualidade, mas não há afinidade pessoal, diferentemente do aconteceu conosco. O Rodriggo se encaixou muito bem. Foi algo 100% natural em todos os sentidos. Já havíamos tentado com outras pessoas, mas não havia dado certo ”, ressalta Rodriguez, destacando que a partir de agora, o vocalista assume o posto oficialmente.

O rock paranaense

Com 30 anos de estrada e o status de banda paranaense a obter maior repercussão fora do Estado, o Blindagem analisa o atual momento do rock feito no Paraná. “Existem várias bandas com qualidade e é importante que o público consuma, para incentivar os artistas locais”, comenta Juk, destacando que um dos maiores problemas enfrentados pelos músicos locais é a baixa valorização, já que os artistas de outros Estados costumam receber mais, obrigando as bandas paranaenses a trabalharem com baixos orçamentos.

“O rock tem um grande desafio que é o de reconquistar espaço, perdido para estilos populares”, opina Rodriguez. Já Romero chama atenção para outro aspecto importante. “Acho que as bandas paranaenses precisam confiar mais no trabalho feito. Às vezes percebo que músicos de outros locais do país parecem demonstrar mais personalidade e confiança, coisa que falta um pouco por aqui, talvez devido ao bairrismo ou a aspectos culturais”, analisa.

“As bandas paranaenses que estão começando precisam acreditar mais no que estão fazendo, pensar que é algo bom e que pode evoluir”, complementa.

Cleyton Lutz – Rede Sul de Notícias

Foto: Juk (à esquerda) e Romero

Cristina Esteche

Jornalista

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