22/08/2023
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Expectativa de vida bate recorde e chega a 76,6 anos no Brasil

Dados do IBGE apontam que mulheres vivem 6,6 anos a mais que homens. No Paraná, violência impacta jovens do sexo masculino e doenças crônicas são a principal causa de morte entre idosos

população brasileira que chega aos 60 anos em 2024 tem a expectativa de viver, em média, mais 22,6 anos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta (28) dados atualizados sobre a mortalidade no Brasil. O estudo, chamado de Tábua de Mortalidade, revela que a expectativa de vida do brasileiro atingiu 76,6 anos em 2024. Este é o maior valor já registrado desde 1940, quando a série histórica do instituto começou. O novo indicador representa um acréscimo de 0,2 anos (cerca de 2,5 meses) em relação aos 76,4 anos estimados para 2023.

Historicamente, a expectativa de vida tem mantido uma trajetória de crescimento, excetuando o período da pandemia de Covid-19, que causou uma redução para 72,8 anos em 2021. A recuperação do indicador a partir de 2022 (75,4 anos) e 2023 (76,4 anos) mostra a diminuição do excesso de mortes causado pela pandemia.

DISPARIDADE ENTRE GÊNEROS E ENVELHECIMENTO

Os dados de 2024 do IBGE reiteram a tendência de maior longevidade feminina. As mulheres têm uma expectativa de vida de 79,9 anos, enquanto a dos homens é de 73,3 anos. Isso significa que, em média, as mulheres vivem 6,6 anos a mais do que os homens.

Para quem atinge a terceira idade, a notícia também é positiva no cenário nacional. A população brasileira que chega aos 60 anos em 2024 tem a expectativa de viver, em média, mais 22,6 anos. Para os homens de 60 anos, a expectativa adicional é de 20,8 anos, e para as mulheres, 24,2 anos.

A Tábua da Mortalidade, além de fornecer um modelo importante para avaliar e ajustar políticas sociais, é utilizada pelo governo para o cálculo do fator previdenciário, que integra os valores das aposentadorias do INSS.

PARANÁ

Apesar dos novos dados nacionais de 2024 não estarem disponíveis em recortes estaduais mais recentes nas fontes, o Paraná já se destacava por ter uma expectativa de vida superior à média do país em anos anteriores. Em 2021, a esperança de vida ao nascer para a população paranaense era de 78,5 anos, superando a média nacional de 77 anos naquele momento. Naquele ano, as mulheres paranaenses viviam e média 81,9 anos, e os homens, 75,1 anos. O Paraná superava, inclusive, a média de outras três regiões: centro-oeste, norte e nordeste.

A análise do perfil epidemiológico no Paraná mostra que as principais causas de óbitos estão ligadas a condições crônicas e degenerativas, especialmente na população idosa. Um estudo analisando a mortalidade em idosos no Paraná em 2023 revelou que 42,7% dos óbitos ocorreram em indivíduos com 80 anos ou mais. As principais causas de morte para este grupo foram as doenças do aparelho circulatório (30,6%), seguidas por neoplasias (20,2%) e doenças respiratórias (13,6%). Essas descobertas reforçam a urgência de políticas de saúde pública focadas na prevenção e tratamento de doenças crônicas para otimizar a qualidade de vida dos idosos.

Entre 2018 e 2022, no Paraná, as doenças do sistema circulatório e as neoplasias (tumores) continuaram sendo as maiores causas de óbitos.

VIOLÊNCIA E MORTALIDADE MASCULINA

Um fator que contribui para a diferença na expectativa de vida entre os gêneros é a sobremortalidade masculina, notadamente em idades jovens, muitas vezes ligada a causas externas ou não naturais, como homicídios e acidentes. No Paraná, segundo o Plano Estadual de Saúde, os óbitos por causas externas de morbidade e mortalidade apresentaram aumento percentual e subiram para a 3ª causa de morte em 2022. A taxa de mortalidade por homicídios no estado foi de 22,0 por 100 mil habitantes em 2022.

Há um elevado número de homicídios entre jovens do sexo masculino de 15 a 29 anos, que contabilizaram 44,19% do total de óbitos por homicídio em 2022 no Paraná, sendo a vítima do sexo masculino em 90,7% dos casos. O próprio IBGE explica que a maior taxa de mortalidade masculina está relacionada ao processo de urbanização e metropolização do Brasil, com causas externas elevando as taxas de mortalidade, particularmente de adultos jovens do sexo masculino, a partir dos anos 1980.

MORTALIDADE INFANTIL

Os desafios na mortalidade no Brasil e no Paraná também se concentram nos extremos da vida. A mortalidade infantil (bebês com menos de 1 ano) ficou em 12,3 por mil crianças em 2024, uma leve melhora em relação a 2023 (12,5). A evolução desse indicador ao longo da história é significativa, caindo de 146,6 por mil em 1940, associada a fatores como vacinação, atenção ao pré-natal e melhorias no saneamento.

A mortalidade materna no Paraná é um indicador complexo. No período de 2011 a 2021, o estado registrou 867 óbitos maternos, o que representou 44,7% do total na Região Sul. Notou-se um aumento significativo de casos em 2021, com 187 ocorrências, que pode estar relacionado à pandemia da Covid-19. Os óbitos maternos no Paraná frequentemente atingem puérperas com vulnerabilidade socioeconômica, sendo a maioria em mulheres brancas (69,3%), solteiras (40,8%) e com 8 a 11 anos de estudo (47,5%). A maior parte dessas mortes ocorre em ambiente hospitalar (91,9%) e no período puerperal (até 42 dias).

A Tábua de Mortalidade 2024 está disponível aqui.

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Thiago de Oliveira

Jornalista

Jornalista formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. @tdolvr

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