22/08/2023
Política

Fábrica de tênis da Prefeitura de Guarapuava vai para a iniciativa privada

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O projeto de transformar Guarapuava num pólo calçadista com base na produção de tênis acabou indo parar apenas nas mãos de uma única empresa. O barracão alugado pela Prefeitura no Parque Industrial Guaratu e o maquinário comprado com dinheiro público beneficiam a Somar Calçados hoje pertencente a um empresário de Curitiba, sócio majoritário da fábrica de tênis, e a Antonio Vieira da Silva, o Toninho, trazido de Nova Serrana (MG) pelo prefeito Fernando Ribas Carli por ter o know-how na fabricação de tênis.
“As máquinas são do município, mas estão cedidas em comodato à Somar Calçados por 10 anos. A empresa ganhou a licitação. O aluguel do barracão está sendo pago pela Prefeitura até o final deste ano”, confirmou o secretário municipal de Indústria e Comércio, Mauro Claudio Temoscho à RSN na manhã desta terça-feira (12).

A fábrica está em pleno funcionamento com uma produção diária de 500 pares de tênis. Vinte e sete pessoas, principalmente jovens, trabalham na produção que abastece cinco municípios em mercados fora de Guarapuava. A fábrica tem perfil voltado à participação em licitações e entra agora na produção de bolsas. “Estamos produzindo mais de quatro mil bolsas para um programa de governo de São Paulo”, disse a gerente da fábrica, Vera, que é esposa de Toninho.

O formato da atual empresa, porém, foge ao que foi proposto por Carli. O projeto criado na gestão anterior e bancado por recursos do município previa uma fábrica modelo onde seria formada mão-de-obra para suprir a demanda de facções que seriam fomentadas em Guarapuava. Várias missões técnicas foram organizadas pela Secretaria Municipal de Indústria e Comércio até Nova Serrana, cidade que é considerada a capital do tênis no Brasil. Vários empresários estavam interessados no novo investimento, mas nenhuma dessas intenções se concretizou.

A justificativa dada pelo secretário Mauro Claudio Temoscho foi o “azar da Prefeitura” em ser prejudicada pela crise econômica internacional. “O mercado de tênis caiu bastante nessa época. Mesmo em Nova Serrana onde existem mais de mil empresas, cerca de 300 fecharam, mas se reergueram. Essa crise assustou os empresários de Guarapuava”, disse Temoscho.

No tempo da crise a fábrica já não estava sob a responsabilidade da Prefeitura, mas do empresário Fernando Lucchin. Nesse período a empresa enfrentou dificuldades, fechou as portas por determinado tempo e atrasou o salário dos funcionários.
“ O novo proprietário da fábrica tem uma visão interessante e participa de licitações pelo Brasil inteiro. Já está fabricando bolsas e mochilas, quer fabricar uniformes e ter sede própria a partir do ano que vem”, diz o secretário.

De acordo com Temoscho, não existe nenhuma contrapartida ao município por parte da Somar. O secretário, entretanto, entende que a administração municipal fez a sua parte no processo. “Fizemos a nossa parte fomentando novos empreendimentos, capacitando mão-de-obra, mas levamos um pouco de azar por causa da crise”, ratifica. “Tentamos inovar e corremos o risco de acertar ou não. Eu não tenho medo de errar”, admite.

Apesar do projeto proposto por Carli não ter dado certo já que a fábrica modelo que serviria como embrião para micros e pequenos empreendimentos de facção, está nas mãos da iniciativa privada, Temoscho ainda tem expectativas. “ Ainda existe uma série de opções para empreender no setor e a fábrica está lá para ajudar. É claro que o serviço será cobrado, mas será um valor menor”, afirma.

Cristina Esteche

Jornalista

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