Família ‘revoluciona’ gestão no campo e aumenta produção leiteira

Agricultores de Boa Ventura do São Roque (Foto: AENPr)

Boa Ventura de São Roque, a 65 quilômetros de Guarapuava, na região central do Paraná, está na contramão do índice nacional de urbanização. De acordo com levantamentos, 75% dos 6,6 mil habitantes do município vivem no meio rural. Assim, boa parte dessa população continua em suas propriedades porque tem na pecuária leiteira uma atividade que gera renda.

Conforme pesquisa, o comércio da cidade ganha um ritmo mais intenso no dia do pagamento do leite. Afinal, são mais de 600 unidades de produção familiar de bovinocultura leiteira que geram recursos que são aplicados no comércio local.

De acordo com o Instituto Emater, é nesse cenário que desenvolve o trabalho de assistência técnica aos produtores. O objetivo é aumentar a renda dos domicílios rurais que lidam com a produção leiteira. Para tanto, o Instituto executa o projeto Leite Competitivo Norte, com duas unidades de referência acompanhadas no município desde 2017. Nessas propriedades é possível medir os resultados do projeto.

A família Weber participa do projeto desde o início. À época a produtividade média por vaca era de 16,69 litros/dia. Depois da contratação da assistência técnica do Instituto Emater, em setembro de 2018, a média registrada na APCBRH (Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa) chegou a 20,25 litros/vaca/dia.

GESTÃO

Para chegar a esse resultado, a família revolucionou a gestão da propriedade. Assim, entre as medidas adotadas estão a implantação do controle leiteiro e de uma planilha de controle econômico. Além disso, a família Weber selecionou melhor os animais. Além de  fazer inseminação artificial nas vacas e um rigoroso controle reprodutivo. Também foi aumentada a área com pastagem perene que passou a ser adubada.

De acordo com a Emater, a qualidade do leite também melhorou. Conforme os levantamentos, a propriedade mantém a CCS (Contagem de Células Somáticas) abaixo de 400 o ano todo. O controle é feito por uma jovem de 22 anos, a Carine, que conta com a flexibilidade e a confiança de sua família para implantar as mudanças necessárias na atividade.

Assim, os proprietários, Pedro e Marli Weber, viram o volume de produção saltar de 270 litros por dia, em 2017, para os atuais 320 litros. Com a manutenção do número do rebanho em 16 animais em lactação.

De acordo com a Emater, hoje a família também faz um controle mais rígido dos gastos. Conforme Rebeca Maria Bartmeyer, com uma rentabilidade sobre o capital de 8,6%, ao ano, e uma retirada de ‘pro labore’ de R$3.000 ao mês, é um prazer ouvir a preocupação dos proprietários. Ela se refere á capacidade do tanque resfriador e a ampliação das instalações para as novas matrizes em 2020. Rebeca é a extensionista que acompanha a propriedade.

O PROJETO

Carine é quem faz as mudanças necessárias (Foto: AENPr)

Rebeca explicou que o objetivo dos extensionistas que atuam no projeto é atacar os pontos fracos da atividade, sem perder de vista o bem-estar, a saúde e a melhoria das condições de vida das famílias. De acordo com Rebeca, tudo é feito na direção de aumentar a produtividade e a produção, sempre com assistência técnica e qualificação do produtor.

Conforme Rebeca, nas 40 unidades atendidas no município, os técnicos valorizam o agricultor como gestor do seu negócio. “Nos atendimentos, em capacitações coletivas, visitas às propriedades, consultas no escritório e muita conversa no whatsapp, são abordados temas pertinentes às demandas dos produtores. Sejam dúvidas da área econômica, ambiental, sejam questões tecnológicas ou sociais”.

SUSTENTABILIDADE

“Nas conversas com os técnicos, os produtores discutem temas sociais como os direitos das mulheres ou a sucessão familiar”, informou a extensionista Natalia Duarte Vettor. Já as orientações econômicas podem oferecer ao produtor uma qualificação. Além disso, tem qualquer outra informação que possa contribuir para a tomada de decisão na propriedade. Dessa forma toda sugestão é feita a partir dos dados das planilhas de acompanhamento econômico. Também cabe ao extensionista elaborar as DAPs (Declaração de Aptidão ao Pronaf) e informar o produtor sobre as modalidades de crédito rural.

Contudo para que a melhor informação técnica chegue ao produtor, os gestores do projeto mantêm parcerias com a Secretaria Municipal de Agricultura, o Senar e a APCBRH. Assim, é possível oferecer aos criadores os serviços de controle leiteiro laboratorial, análises de solo, insumos para correção de solo. Além de maquinário agrícola para produção de volumosos, elaboração de dietas desafiadoras, mapeamento das propriedades. Assim como diversos cursos de capacitação em manejo de bovinos e produção de volumosos. Há também um cuidado com o meio ambiente.

Conforme a Emater, todos os produtores assistidos são orientados sobre o manejo adequado de dejetos, a conservação do solo e dos cursos d’água. Desta forma, os produtores mantêm a rentabilidade de seus empreendimentos, sem perder de vista questões caras para que a pecuária leiteira continue dando sustento às próximas gerações.

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