A dificuldade financeira do Hospital Santa Tereza, em Guarapuava, vem à tona mais uma vez, agora, por conta do atraso dos pagamentos dos funcionários. O atraso é referente aos vencimentos de agosto. Esta é a primeira vez que os funcionários tem os pagamentos atrasados desde que a crise da instituição se agravou, em abril deste ano. Até o momento, os mais afetados eram os médicos da instituição. Parte do corpo clínico, inclusive, se desligou do hospital, mantido pelo Instituto Virmond. Só no caso dos médicos, a dívida chegou a R$ 1,6 milhão. O cenário rendeu fortes críticas a administração do hospital.
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De acordo com informações de pessoas ligadas ao HST, nesta sexta feira (10), há a previsão de que o Santa Tereza pague R$ 600 para os funcionários. O restante do valor dos vencimentos de cada funcionário seriam acertados na semana que vem. Esta reportagem tentou contato, diversas vezes, com os responsáveis pelo setor administrativo do hospital, porém, nenhuma das ligações foram atendidas. Desde que a crise veio à público, o hospital se fechou em copas, manifestando-se publicamente sobre o caso em poucas exceções.
“Nós ficamos sabendo desta parte do pagamento pela chefia do setor. Não fizeram reunião. Essa é a primeira vez que atrasa. Vamos ver o que vai acontecer no próximo mês, mas a situação está difícil”, informou um funcionário que integra o HST.
A CRISE
A crise financeira do Santa Tereza veio à tona em abril deste ano, quando médicos da instituição sinalizaram a possibilidade de realizarem um desligamento em massa da instituição caso a folha de pagamento do corpo clínico não fosse regularizada. Na época, uma solução paliativa foi apresentada, porém, menos de dois meses depois, o problema voltou a pauta pública. A dívida total era de R$ 1,6 milhão.
Ainda em abril, como possível solução para o impasse, o hospital contou com o adiantamento do recurso de R$ 800 mil, liberado Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (SESA), através do Teto Financeiro de Média e Alta Complexidade (MAC). O montante foi utilizado para quitar metade da dívida com os médicos. Dois meses depois, quando o caso voltou à tona, o hospital confirmou que pelo menos quatro médicos se desligaram da instituição.
Para tentar dar uma sobrevida ao hospital, o Governo do Estado liberou, na época, um recurso de R$ 300 mil para a implantação e manutenção do ambulatório de ortopedia no hospital. Deste valor, porém, o hospital gastará R$ 270 mil só para manter o ambulatório, restando uma receita de apenas R$ 30 mil.
IMPASSE
As liberações do Governo do Estado, no entanto, foram recebidas como “soluções paliativas” pela administração do hospital. Em uma de suas poucas manifestações públicas sobre a crise, o presidente da instituição, Frederico Eduardo W. Virmond, disse que o Instituto Virmond realizou um estudo com possíveis soluções para o impasse. Entre elas, ele menciona que seria necessário uma revisão da contratualização firmada em 2013 com o Governo do Estado do Paraná, quando o hospital atendia, em média, mil pacientes por ano pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No primeiro semestre de 2018, já foram realizados 1.700 atendimentos.
CONSELHO PROVISÓRIO
Outra solução foi apresentada quanto a parte administrativa do hospital. 12 entidades de Guarapuava se uniram, em junho deste ano, para formar um conselho provisório e tentar salvar o HST. A ideia era que, a partir deste conselho provisório, fosse formado um conselho deliberativo, com poder de administração dentro da instituição. A ação implicaria na entrada de pessoas da sociedade civil organizada dentro do hospital, hoje mantido por uma única família.
Algumas reuniões chegaram a ser realizadas e divulgadas pela imprensa. As conversas, no entanto, não foram para frente, e o conselho provisório foi destituído.
Na época, o grupo era formado pela 5ª Regional de Saúde, Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG), Maçonaria, Conselho Regional de Medicina (CRM), Câmara Municipal de Guarapuava, Faculdade Guairacá, Faculdade Campo Real, Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Sindicato Rural, Conselho Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Instituto Virmond, além de representantes dos deputados estaduais Artagão Júnior, Cristina Silvestri e do então deputado Bernardo Ribas Carli.