22/08/2023


Geral

Fechamento de comportas de usina ameniza cheias na extensão do Rio Iguaçu

Uma estratégia de operação da Copel colocada em prática na Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto (Foz do Areia), em Pinhão, evitou que as consequências das cheias do último fim de semana fossem ainda mais graves em toda a extensão do Rio Iguaçu, do Centro-Sul ao Sudoeste do Paraná. 

Na sexta feira (6), quando começaram as fortes chuvas, o reservatório de Foz do Areia operava com apenas 23% do seu volume útil, consequência da estiagem prolongada que atinge os estados do Sul e do Sudeste desde 2013. Com a intensificação das chuvas na bacia do rio Iguaçu, atípica para o período, a geração de energia foi interrompida e as comportas do vertedouro da usina permaneceram fechadas para reduzir ao máximo a vazão de água rio abaixo. 

A estratégia, coordenada pela Copel e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), evitou que o impacto das chuvas fosse ainda maior ao longo da bacia. Isto porque a maior parte das usinas do Iguaçu opera a fio d’água, ou seja, não têm reservatórios com capacidade para armazenar água e regular as vazões rio abaixo. 

Na segunda feira (9), mesmo após 30 horas retendo toda a água que vinha da cabeceira do rio, o reservatório de Foz do Areia apresentava apenas 50% de seu volume útil, permanecendo bem abaixo do nível máximo de operação. 

UNIÃO DA VITÓRIA

Apesar de evitar o aumento da vazão do rio Iguaçu, retendo água no reservatório, a operação não evitou as cheias registradas em União da Vitória, já que o município está localizado 60 quilômetros rio acima, antes da usina. Ao final das chuvas, depois de 30 horas de comportas fechadas e geradores parados, União da Vitória já apresentava focos de enchente, mas o reservatório estava ainda abaixo da linha do vertedouro. 

Localizada no município de Pinhão, a 240 quilômetros de Curitiba, a usina de Foz do Areia tem potência instalada de 1.676 megawatts, é a maior usina do rio Iguaçu e possui um dos maiores reservatórios da região Sul do Brasil, com capacidade de armazenar 5.779 milhões de metros cúbicos de água. Seu reservatório abrange uma área de 139 quilômetros quadrados quando atinge o nível máximo normal de 742 metros em relação ao nível do mar.

RECORDE HISTÓRICO

O grande volume de chuvas entre 5 e 8 de junho fizeram com que a vazão do rio Iguaçu superasse o recorde histórico registrado durante a grande enchente de julho de 1983. A diferença é que naquele ano as chuvas se concentraram nas cabeceiras do rio, próximo a União da Vitória, e desta vez foram mais dispersas ao longo da calha do rio, reduzindo o impacto sobre os municípios lindeiros.

Na Usina Governador Ney Braga (Segredo), a 357 quilômetros de Curitiba, por exemplo, a vazão chegou a 17.630 metros cúbicos por segundo, contra 13.300 metros cúbicos por segundo registrados naquela localidade em 1983, antes de sua construção. 

Procedimentos específicos de segurança também foram adotados para a operação de todas as hidrelétricas da cascata do Iguaçu e dos demais rios do Paraná, de modo a preservar a segurança das barragens e das populações da área de influência das usinas. 

Quando são constatadas vazões acima do normal ou em situação de alerta, a Defesa Civil é acionada pela Copel e colocada de sobreaviso para agir em eventuais emergências.

Cristina Esteche

Jornalista

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