22/08/2023
Cotidiano

Filme sobre Joinville relata o drama dos imigrantes suíços no império de D. Pedro II

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Guarapuava – Jornalista guarapuavano é o responsável pelo roteiro

A pequena cidade suíça de Schleitheim, no cantão de Schaffhausen, a 40 minutos de Zurique, transformou-se no cenário do docudrama “Suíços Brasileiros – Uma História Esquecida”, que vem sendo rodado há cerca de 10 dias pela Júpiter Filmes, sob a coordenação dos cineastas curitibanos Calixto Hakim e Rodrigo Henrique. O roteiro é do jornalista guarapuavano Paulo Esteche e a produção-executiva da cineasta suíça Katharina Beck.
Todos estão na Suíça acompanhando as gravações que retratam a imigração suíça para o município de Joinville (SC) em 1850 – período de grandes dificuldades econômicas na Europa e de “branqueamento” do Brasil, com a substituição da mão de obra escrava pelos imigrantes europeus, no império de dom Pedro II.
O filme é baseado no livro “Suiços em Joinville – o duplo desterro”, do historiador joinvillense Dilney Cunha. A obra conta a saga dos imigrantes suíços que chegaram a cidade de Joinville em meados do século 19. A absoluta maioria vinha do cantão Schaffhausen, no norte da Suíça, e era formada por pequenos agricultores e artesãos empobrecidos pela grave crise que então assolava a Suíça. Fome, miséria, desemprego, opressão política faziam parte do cotidiano dessas famílias.
Na mesma época (1849), formou-se uma grande empresa de colonização, a “Sociedade Colonizadora de Hamburgo”, responsável pelo transporte e instalação dos imigrantes na nova terra. Agenciadores da companhia encarregaram-se de fazer a propaganda na Alemanha e na Suíça. Vendia-se a imagem de um verdadeiro paraíso terrestre: um lugar idílico, em meio à natureza exuberante e exótica do Brasil, terras baratas e férteis, escola, igreja, autonomia política, toda infra-estrura necessária enfim para que pudessem recomeçar uma nova vida e prosperar.
Após uma sofrida viagem de aproximadamente 2 meses, em que epidemias e mortes a bordo eram freqüentes, os imigrantes chegaram ao porto de São Francisco do Sul. Em pequenos botes se dirigiram à colônia Dona Francisca, atual Joinville, onde não encontraram exatamente o paraíso prometido, mas apenas uma clareira em meio à densa e assustadora floresta tropical, com algumas cabanas de troncos e folhas. Após algumas semanas em um barracão coletivo e insalubre, os colonos suíços foram conduzidos às suas novas propriedades, localizadas quase todas a quilômetros de distância do centro da Colônia. As terras mostraram-se muitas vezes pouco férteis, as técnicas de cultivo, o solo, o clima, a fauna e a flora enfim eram completamente diferentes do que essas famílias tinham no seu país de origem.
Como agravante da situação, os imigrantes contraíram pesadas dívidas com suas comunidades, com a Sociedade Colonizadora de Hamburgo e com os comerciantes da Colônia, dívidas essas que não conseguiam saldar em virtude das péssimas condições encontradas na nova terra.
NOVO ELDORADO – pano de fundo do filme é o drama dos Meyer, uma família de agricultores que foi obrigada a deixar suas terras devido a uma praga que dizimou as plantações de batata e, principalmente, pelo desestímulo à economia primária com o surgimento da Revolução Industrial. A miséria se instalou em diversos cantões da Suíça, levando a população a uma situação de desespero, até o momento em que é atraída pela proposta de emigrar para o Brasil, sob a promessa de encontrar um “novo eldorado”.
Embora não se proponha a debater as relações Brasil-Alemanha-Suíça no Século 19, o enredo contém elementos que acabam por decifrar as negociações entre o príncipe de Joinville, o senador hamburguês Christian Matthias Schröder, dono da “Sociedade Colonizadora de negociHamburgo”, e o imperador brasileiro dom Pedro II.

Cristina Esteche

Jornalista

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