Por Marcella Fernandes, do HuffPost Brasil
Brasília – Integrante da tropa de choque do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado André Fufuca (PP-MA) irá assumir, aos 28 anos, o comando da Câmara a partir desta terça (29) devido à viagem do presidente Michel Temer à China.
Com a ida do peemedebista ao encontro de líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) assume o Planalto. Como o vice-presidente da Casa, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) estará na comitiva para a Ásia, o comando das sessões ficará com Fufuca, o segundo vice.
Nesta semana, a Casa precisa precisa concluir a votação da nova taxa para contratos em operações do BNDES e tenta avançar na aprovação da Reforma Política, que inclui duas propostas de emenda à Constituição e um projeto de lei.
Sem consenso por enquanto, os textos propõem a criação de um fundo eleitoral de financiamento público, a adoção do sistema distrital misto a partir de 2020 e do distritão em 2018, o fim das coligações e a adoção de uma cláusula de desempenho para os partidos. Todas as mudanças precisam ser aprovadas pelas duas casas legislativas até 7 de outubro para valerem para o próximo pleito.
O futuro comandante temporário da Câmara se reuniu na manhã dessa segunda (28), com Michel Temer e Rodrigo Maia no Palácio do Planalto. "Sei que é muita coisa, sei que são vários assuntos amplos e abrangentes. Porém, nós iremos procurar colocá-los para votação", disse o deputado.
Apesar de integrar um partido da base, o PP é um dos que disputam cargos no governo Temer. Fufuca votou contra a denúncia do peemedebista e a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
O parlamentar esteve oficialmente à frente da Câmara durante uma semana no recesso de julho, quando os trabalhos são interrompidos.
CUNHA OU 'PAPI'
Integrante do "centrão", grupo fortalecido no período em que Cunha foi presidente da Câmara, Fufuca ficou conhecido por integrar a tropa de choque do peemedebista. O parlamentar foi um dos que atuou nas manobras para atrasar a cassação de Cunha. O processo demorou oito meses no Conselho de Ética.
Em maio de 2016, Fufuca protagonizou uma discussão com o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), desafeto de Cunha, em uma sessão do Conselho, logo após ser nomeado para integrar o colegiado. A troca foi vista como uma tentativa de tornar o placar favorável ao peemedebista.
Delgado criticou a nomeação devido à proximidade entre os dois parlamentares. "O deputado Fufuca chama o deputado Eduardo Cunha de "papi" nos corredores da Casa. Essa é a realidade das alterações que são feitas aqui. E nós temos que conviver com isso, achando que não tem manobra aqui, dentro do Conselho, com essas alterações", afirmou.
Fufuca rebateu e classificou a atitude de Delgado como "molecagem". "Vossa excelência é um exemplo que até os canalhas envelhecem (…) respeite a minha juventude e me respeite, pois nesta Casa ninguém me viu ousar por ato de bajulice, como vossa excelência faz, até porque eu venho do Estado onde nós não temos o costume de chamar esse termo 'papi', um termo, com todo o respeito a quem aqui está, até afeminado", respondeu.
No Conselho, o deputado votou para manter o mandato de Cunha. Ele não votou em plenário. Na época, estava licenciado do mandato para atuar na campanha municipal de 2016 promovendo políticos aliados.
Em seu primeiro mandato como deputado federal, Fufuca conseguiu uma vaga na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal da Casa, por onde passam todos os projetos. O deputado foi um dos escalados por Cunha para integrar a comitiva que visitou no hospital o então ministro da Educação Cid Gomes. O objetivo era confirmar o motivo para ele não comparecer à Câmara para explicar uma declaração em que criticou os deputados.
NO MARANHÃO, 'FUFUQUINHA'
Fufuca entrou na política aos 21 anos, em 2010, quando se tornou o deputado estadual mais jovem do País, eleito pelo PSDB. Ele concorreu no lugar do pai, Fufuca Dantas, prefeito de Alto Alegre do Pindaré (MA), de quem o filho herdou o apelido. No estado, também é conhecido como "Fufuquinha".
Dantas teve a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA) por ter as contas reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado, quando era prefeito de Alto Alegre do Pindaré. Além do mandato atual, ele comandou a cidade de 1997 a 2004.
Em 2014, o herdeiro político se elegeu deputado federal pelo PEN com 56.879 votos. Ele foi o 19º candidato mais votado para o cargo no estado. Em 1016, o parlamentar se filiou ao seu terceiro partido, o PP. Apesar da proximidade histórica com o grupo de José Sarney, a família tem tentado se descolar do ex-presidente da República e aplicar as alianças locais.