22/08/2023
Brasil Geral

Foto da Hora | Que tal essa ministra, hein?

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A ministra Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, apresentou ao Governo um pedido para acumular o seu salário com o de desembargadora aposentada, o que lhe garantiria vencimento bruto de R$ 61,4 mil. Em 207 páginas, ela reclama que, por causa do teto constitucional, só pode ficar com R$ 33,7 mil do total das rendas. A ministra diz que essa situação, “sem sombra de dúvidas, se assemelha ao trabalho escravo, o que também é rejeitado, peremptoriamente, pela legislação brasileira desde os idos de 1888 com a Lei da Abolição da Escravatura”.

Sobra pouco. Luislinda justifica no documento que, por causa da regra do abate-teto, pela qual nenhum servidor ganha mais do que um ministro do Supremo, seu salário de ministra cai para R$ 3.292 brutos. O de desembargadora, de R$ 30.471,10, é preservado.

 Ao citar a Lei Áurea, a ministra Luislinda comete um deslize. Ela diz que a norma “recebeu o número 3533”, quando a lei sancionada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888 é a 3353.

Com a palavra. Procurada durante todo o dia de ontem para comentar o assunto, a ministra disse, por nota, que “não vai se pronunciar a respeito”. Filiada ao PSDB, ela assumiu a pasta em fevereiro deste ano.

MAS ELA JÁ DESISTIU

A ministra desistiu do pedido para receber salário acima do teto, depois da polêmica e repercussão causadas por sua solicitação. 

"Considerando o documento sobre a situação remuneratória da ministra Luislinda Valois, o Ministério informa que já foi formulado um requerimento de desistência e arquivamento da solicitação", informou nota divulgada pela assessoria do Ministério dos Direitos Humanos.

Mesmo desistindo, a palavra foi lançada. A polêmica gerou um desabafo sobre a política brasileira na conta do Twitter do padre Fábio de Melo. O religioso criticou a postura da ministra e sugeriu que ela fosse enviada aos "recônditos do país, aos lugares onde os professores exercem seus ofícios recebendo salários de miséria".

Ele disse ainda: "Nossa fábrica de deboches continua trabalhando a todo vapor".

Cristina Esteche

Jornalista

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