22/08/2023


Fugas causam clima de medo em moradores próximos à 14ª SDP

Fragilidade da cadeia expõe moradores a perigo constante

CA

Você já se imaginou em casa, trabalhando ou andando pela rua e, de repente, é surpreendida (o) por cerco policial em busca de foragidos?

Pois esta é a situação vivenciada, com frequência, por moradores que são vizinhos da Cadeia Pública de Guarapuava, anexa à 14ªSDP.

A sensação é de insegurança, medo e de um pedido que vem sendo repetido anos: a transferência da cadeia para outro local.

“Moro aqui há mais de 15 anos e a sensação é de impotência, de medo”, diz João Batista Neto. “Minha mulher viu o último fugitivo, cara a cara. Isso é muito perigoso, isso sem falar que a polícia dá tiros e um desses pode atingir um da gente”. Ele conta que numa das fugas, uma das suas vizinhas pegou uma espingarda e um cachorro bravo, caso o foragido, que estava escondido atrás da sua casa, a ameaçasse. “Imagina essa situação. Poderia ter sido uma tragédia”, observa.

“Não aguentamos mais essa situação. Somos pagadores de impostos e vivemos sem segurança com essa fragilidade da cadeia. Dia desses um dos marginais fugitivos ficou escondido atrás da minha casa”, emenda Maria Augusta da Silva.

Maria Aparecida Pinto (Foto: RSN)

“Eu estava perto da janela costurando quando ouvi a gritaria e o cara algemado correndo, pulando muro. Entrou na casa aqui do lado onde mora um casal de idoso. O velhinho passou mal. A polícia pulou o muro, entrou na casa”, diz dona Maria Aparecida Pinto. “Eu presencio fuga há muitos anos. Uma vez o fugitivo subiu numa árvore na casa do meu pai e ficou escondido. É muito perigoso”, diz a costureira.

Filho de um comerciante na Rua Guaíra, a duas quadras da Delegacia de Polícia, o jovem Samuel Veviurka faz coro aos demais. “Moramos aqui há mais de 20 anos e o medo é constante. Nessa última fuga no dia 09 tivemos que fechar a porta para proteger os clientes. Essa situação tem que ser resolvida”.

O empreendedor Vitor Schulte está radicado há mais de 30 anos a uma quadra da 14ª Subdivisão Policial, unidade que agrega a cadeia. “Essas fugas são constantes e o perigo também”, ratifica.

HÁ ANOS

A transferência da cadeia Pública de Guarapuava está na pauta há muitos anos. Audiências com o secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, já foram realizadas e envolveram os deputados Artagão Junior, Cristina Silvestri e Bernardo Carli. Porém, nenhum atitude concreta foi tomada até então.

Em novembro de 2017 o Governo do Paraná anunciou o aumento de vagas, com a implantação de shelters, ou celas modulares, em seis municípios, incluindo Guarapuava, ainda nada foi feito. Mas essas vagas, cuja quantidade não foi divulgada, mas são 612 no total, amenizaria a superlotação carcerária, um dos motivos de fugas constantes, mas não é isso que a comunidade deseja.

“Queremos a transferência imediata da cadeia. Aqui já é uma região central, bem habitada e com comércio. Não podemos mais viver à mercê dessa insegurança”, disse uma comerciante da região. Ela pediu para não ser identificada.

Cristina Esteche

Jornalista

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