22/08/2023


Geral

Funcionários do Santa Tereza repudiam prisão de colega

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Por Cristina Esteche Foto/Jessica Braga, Raquel Almeida e Mariângela Esteche: "Estamos fragilisados"

Funcionários do Hospital Santa Tereza estão indignados pelo tratamento dado a um recepcionista preso na tarde de ontem quinta (24), em Guarapuava. Ele está sendo acusado por corrupção passiva e ainda está na Cadeia Pública de Guarapuava. O  Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado) apoiou a operação desencadeada pela 8ª Promotoria. A Rede Sul de Notícias ainda aguarda posicionamento do MP sobre o fato.

“Foi um flagrante montado por alguém num caso de cabimento algum”, disse a comissão de funcionários do Hospital, composta pelos recepcionistas Paulo Sergio de Oliveira e Jéssica Braga, pela secretária administrativa Mariângela Esteche e pela enfermeira Raquel Almeida. Uma recepcionista do Hospital São Vicente também foi detida por suposta omissão de socorro, mas está em liberdade desde o final da tarde de ontem.

O caso começou quando uma ambulância do município de Pinhão trouxe um bebê com sete meses de idade, acompanhado pela mãe e por uma tia até o Hospital São Vicente  “Essa criança consultou no posto de saúde de Pinhão e foi encaminhada para internamento no hospital daquela cidade. A mãe e a tia, porém, a trouxeram para Guarapuava sem nenhum procedimento médico”, disse o provedor do São Vicente, Rui Primak. Ao chegar no hospital, como nãos e tratava de urgência e emergência, já que o bebê vinha sendo medicado em caso por dois dias, o que descaracteriza esse estado, foi solicitado que as acompanhantes e o paciente aguardassem na fila. “Como chegou um assaltante baleado que foi preso em Reserva do Iguaçu e tinha que ser atendido por se tratar de urgência emergência, a tia do bebê começou a gritar. Nós não fazemos distinção se uma pessoa é bandida ou não. E o caso é urgente nós atendemos”, afirma Primak.

Em seguida a ambulância segue até o Hospital Santa Tereza onde não havia pediatra durante a tarde. “Só temos pediatra à noite no plantão”, diz a enfermeira Raquel Almeida. De acordo com Paulo Almeida, que testemunhou o fato,  a mãe e a tia do bebê saíram do hospital e abordaram um médico pediatra que estava dentro do carro saindo do hospital. “Elas abordaram o médico dentro do carro e perguntaram se ele faria uma consulta particular e qual seria o valor. O médico disse que sim, passou o valor e desceu do veículo para atender o paciente dentro do hospital”, relatou. Segundo a comissão de funcionários, a criança precisou ser internada. Como o pediatra estava saindo para viajar, ligou para outro médico para que este assumisse o caso. O bebê foi internado e em 15 minutos já estava medicado. "Não tinha quarto do SUS [Sistema Único de Saúde] e achei vaga na ala de convênios”, diz Mariângela.

A PRISÃO

De acordo com a Comissão de Funcionários, a tia do bebê disse ao médico pediatra que fez a consulta que iria buscar dinheiro com a sua patroa. Momentos depois retornou e quatro homens chegaram logo em seguida. “O plantão já havia trocado e no lugar da recepcionista quem assumiu foi um funcionário que não sabia o que tinha acontecido”, disse Jessica Braga, que também trabalha na recepção do Santa Tereza.

“A mulher insistia no pagamento, mas o nosso colega dizia que não aceitaria o cheque e que ela deveria entregar no consultório do médico pediatra. Aí as homens que estavam lá entraram em cena e diziam para ele pegar o cheque. A mulher disse que precisava de um recibo urgente e que sabia que o hospital dava esse comprovante. Nosso colega disse que poderia fazer isso e quando ele encostou a mão no cheque recebeu a voz de prisão”, afirmou a enfermeira Raquel. “Nosso colega foi levado para a cadeia sem saber ao certo o que estava acontecendo. Não deixaram chamar os advogados e nem os diretores”, emenda Mariângela.

INDIGNAÇÃO

A indignação dos funcionários do Hospital Santa Tereza, extensiva ao São Vicente, é que nenhuma das duas instituições se omitiu em atender o paciente. “Nós somos obrigados a cumprir um protocolo da Secretaria de Estado da Saúde e só receber pacientes que venham encaminhados pelo município. A unidade de referência do Pinhão é a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Agora já não  sabemos quem manda mais, a quem devemos obedecer. Estamos pedindo o apoio da Secretaria Estadual de Saúde nesse caso”, disse o provedor Rui Primak, do São Vicente.

“Obedecemos o mesmo procedimento de regulação e somos penalizados por uma algo que não cometemos”, diz Mariângela Esteche. “Nossos funcionários do pronto Socorro estão trabalhando hoje mediante tratamento psicológico e ninguém mais quer trabalhar na recepção”, emendas Raquel Almeida. “Já não sabemos quem paciente e quem é policial. Estamos fragilizados”, diz Jessica. 

Cristina Esteche

Jornalista

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