A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e a Fundação Araucária, vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, se uniram para financiar projetos de instituições paranaenses que contribuam para a conservação da natureza no Paraná. Guarapuava será beneficiada.
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e a Fundação Araucária, vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, se uniram para financiar projetos de instituições paranaenses que contribuam para a conservação da natureza no Paraná. O edital será lançado no começo de julho e as propostas poderão ser enviadas para o site www.fundacaogrupoboticario.org.br até 31 de agosto.
O edital vai seguir as linhas temáticas adotadas pela Fundação Grupo Boticário, com prioridade à região da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucárias) e fitofisionomias associadas, além da região litorânea do Paraná que integra o Lagamar. Também devem ser priorizadas ações que envolvam a melhoria da implementação e gestão das unidades de conservação de proteção integral.
Para o presidente da Fundação Araucária, Roberto Brofman, os interesses em comum de investir em ciência e tecnologia foram os responsáveis por tornar possível a parceria entre as entidades. “Faz parte da nossa filosofia buscar parcerias para aumentar os investimentos no nosso estado”, afirma.
De acordo com a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, o projeto pretende conservar a natureza dessas regiões e reunir informações que subsidiem medidas de proteção à ecologia. “O ecossistema das florestas com araucárias é um dos mais ameaçados de extinção, com menos de 1% da mata nativa em bom estado de conservação no Paraná”, destaca.
A parceria tem duração para cinco anos, com lançamento de um edital por ano. O valor anual disponível será de R$ 600 mil e cada uma das fundações será responsável pelo repasse de 50% desse total. Com esse recurso conjunto, as instituições esperam apoiar, nesse primeiro edital, de quatro a seis projetos com duração de 12 a 36 meses. Os formulários e mais detalhes dos processos de seleção serão divulgados no início de julho nas páginas eletrônicas das instituições.
Poderão se inscrever somente pessoas jurídicas sem fins lucrativos com endereço de CNPJ no Paraná. Pelos regulamentos internos, as instituições públicas deverão enviar suas propostas via formulário da Fundação Araucária e as instituições privadas via Fundação Grupo Boticário.
LINHAS TEMÁTICAS – O Edital Fundação Grupo Boticário e Fundação Araucária seguirá as seis linhas temáticas:
1. Ações e pesquisa para a conservação de espécies e comunidades silvestres em ecossistemas naturais;
2. Ações para implementação de políticas voltadas à conservação de ecossistemas naturais;
3. Ações para regeneração de ecossistemas naturais;
4. Ações para prevenção ou controle de espécies invasoras;
5. Estudos para criação ou manejo de unidades de conservação;
6. Pesquisa sobre vulnerabilidade, impacto e adaptação de espécies e ecossistemas às mudanças climáticas.
BOX – O Lagamar e a Floresta com Araucárias
O Lagamar é uma parte da faixa costeira brasileira que se estende pelo litoral do Paraná e sul de São Paulo. Esta área é considerada o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil e um dos maiores berçários de vida marinha no mundo.
A Floresta com Araucárias (Floresta Ombrófila Mista) é um dos ecossistemas mais ameaçados do Bioma Mata Atlântica que, por sua vez, é o mais ameaçado do Brasil. No Paraná, originalmente a Floresta com Araucárias ocupava 8 milhões de hectares, o equivalente a 49,8% do estado. Hoje, restam menos de 60 mil hectares (0,8%) em bom estado de conservação e seus maiores remanescentes se localizam nas regiões de Guarapuava, União da Vitória e Palmas, no Centro Sul do Paraná, onde formam corredores, conforme estudo realizado em 2001, pela Fundação de Pesquisas Florestais, da Universidade Federal do Paraná. Para os campos naturais associados, a situação é ainda mais crítica, uma vez que o Ministério do Meio Ambiente (2000) admitia que, no Paraná, remanescentes em estágio avançado de sucessão não passavam de 0,24% em relação à área original.
De forma geral, os remanescentes naturais da região da Floresta com Araucárias encontram-se fragmentados e dispersos, o que contribui para diminuir a variabilidade genética das espécies que a compõem, colocando-as sob efetivo risco de extinção. E, apesar dessa situação, as ameaças continuam. A situação é agravada pela exploração ilegal de madeira e pela conversão dos ambientes naturais em áreas agrícolas e reflorestamento de espécies exóticas, aumentando ainda mais o isolamento e insularização dos remanescentes.