22/08/2023

FUNDO DO NADA

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Onde foi parar aquele abraço que eu tinha guardado?

Bem que me disseram que abraço se dá, não se guarda; não se reprimi.

E agora tenho braços e não tenho abraços.

Onde foi que enfiei aquele “eu te amo” que eu queria te dizer?

E deixei para depois, com medo de você não corresponder.

E agora tenho amor, e não tenho você para dizer.

Onde se escondeu o meu pedido de perdão?

Eu tinha ele bem aqui, na ponta da língua.

E agora você se foi, com mágoa de mim no coração.

No que estavam ocupadas minhas mãos quando as suas se estenderam?

Creio que era segurando algo que sequer existe mais.

Porque era fútil e efêmero,

Tão diferente da sua amizade, que se esvai.

Onde se perdeu a minha fé?

Chama que me sustentava e me fazia contagiar tantas almas.

Eu deixei ela apagar,  e tornei escuros os caminhos de todos que me seguiam.

Aquele flor linda que desabrochou, morreu sem que eu regasse.

As minhas asas, desaprenderam a voar.

Aquele Eu que sonhava…

Aquela luz da candeia…

Aquela que eu era, e não reconheço mais. 

Cristina Esteche

Jornalista

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