22/08/2023


Guarapuava Segurança

Gaeco cumpre 19 mandados de busca e apreensão em empresa de Guarapuava

De acordo com o Gaeco, são investigados os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro

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Gaeco faz busca e apreensão em empresa de Guarapuava (Foto: Redes sociais)

Uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) movimentou uma das maiores empresas de Guarapuava e Região. Era por volta para 7h desta quarta (27) quando quatro agentes chegaram ao local, que fica às margens da PR-170.

De acordo com as informações, uma das unidades no Centro da cidade também passa por vistoria. Houve dispensa dos funcionários dos escritórios. Durante parte da manhã, os agentes policiais fizeram ‘backup’ dos arquivos que estavam nos computadores. Entretanto, a operação se estende a Pitanga e Ponta Grossa.

Participam da operação, os núcleos de Guarapuava do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). São seis mandados de prisão preventiva e 19 mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Fora de Área.

CRIMES

De acordo com o MP,  são investigados os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os crimes, conforme o MP, teriam sido cometidos por organização criminosa com atuação a partir de contratos mantidos pelo Departamento de Estradas de Rodagens do Paraná (DER). As ordens judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Criminal de Guarapuava.

Armas e dinheiro apreendidos (Foto: MP/PR)

Conforme as apurações, a contratação da empresa previa serviços variados. Ou seja, desde roçada a obras de engenharia. No entanto, a contratada executava trabalhos incompletos ou irregulares sem que houvesse efetiva fiscalização. Nem pelos servidores do próprio DER, nem por empresa terceirizada contratada em 2018 especialmente para essa finalidade.

As investigações demonstraram, inclusive, que houve falsificação de algumas medições, o que teria motivado atuação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. As apurações do MPPR identificaram ainda a existência de relações mantidas por funcionários do DER com a empresa a partir de contratos firmados em 2012.

Em um contrato de 2018 mantido pelo DER para a duplicação da PR-466 em Guarapuava, a auditoria do TCE estimou prejuízo de R$ 4.246.057,58 em razão da qualidade inferior do pavimento aplicado.

REPASSE DE VALORES

O dinheiro, conforme o MP, teria sido desviado em benefício de servidores e de um grupo empresarial sediado em Guarapuava. A empresa conta com filiais em Francisco Beltrão e Cascavel e no Paraguai. Na auditoria, o TCE apontou que o órgão estadual deveria ter rejeitado a execução do contrato por deficiência.

Os valores repassados em benefício dos servidores teriam sido dissimulados por meio de transferências. Estas ocorreram pela empresa contratada pelo DER e pelo proprietário para uma empresa de fachada. Foram identificados, de acordo com o MP,  repasses de valores entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018. A autoria foi a empresa contratada pelo DER e pelo proprietário para empresa do marido de uma servidora, que totaliza R$ 1,145 milhão.

Esses valores, no entanto, em seguida acabavam transferidos para contas de empresa familiar ou de familiares. Apura-se também como pagamento de propina para um servidor o recebimento de um veículo. E ainda o pagamento das despesas pessoais em um supermercado de Guarapuava.

MANDADOS

De acordo com as informações, os alvos dos mandados de prisão cumpridos nesta quarta (27) são o proprietário e dois funcionários do grupo empresarial investigado, dois servidores do DER responsáveis pela fiscalização dos contratos suspeitos e o marido de uma servidora. O cumprimento dos mandados de busca ocorre em nove residências.

Destas, sete em Guarapuava, uma em Ponta Grossa e uma em Pitanga, três salas de trabalho no DER, sendo uma em Guarapuava e duas em Ponta Grossa. E ainda sete empresas das quais seis em Guarapuava e uma em Ponta Grossa.

FORA DA ÁREA

O nome da operação faz alusão ao fato de que, de acordo com as apurações, os servidores do DER, embora recebendo semanalmente diárias para locomoção até as rodovias para a fiscalização de obras e serviços, permaneciam em casa ou na sede da autarquia onde estavam lotados.

Por fim, o recebimento indevido das diárias, que caracteriza crime de peculato, gerou somente em 2019, prejuízo aos cofres públicos estimado em pelo menos R$ 14 mil.

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Cristina Esteche

Jornalista

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