22/08/2023


Cotidiano Guarapuava

Geada embeleza as paisagens de Inverno todos os anos em Guarapuava

Localizada no terceiro planalto paranaense, Guarapuava é um dos municípios mais frios do Paraná. E a geada é a marca da temporada de inverno

GEADA

Geada no Jordão (Foto: Orlando Silva/RSN)

Pular de ‘madrugadinha’ da cama e sentir o frio ‘cortando’ o rosto é uma das sensações que predomina no inverno de Guarapuava. Os pés e as mãos congelam e não há roupa que chegue para conter o ar gelado. E quando o vento ‘cortante’ faz com que as pessoas andem apressadas, segurando a roupa contra o corpo? E para compor o cenário, lá fora, ao olhar pela janela é ver o branco da geada cobrir o verde das pastagens, para o ‘desespero’ de muitos agricultores. É o paradoxo do inverno.

Entretanto, se a geada cair ‘muito forte’, como dizem os mais antigos, gotas congeladas de orvalho se penduram em galhos como se fossem brincos de cristais. Só dividem a atenção dos cliques mais afoitos com a beleza das teias de aranhas congeladas durante a madrugada.

Dia azul (Foto: Orlando Silva/RSN)

ONDE ESTÁ GUARAPUAVA

Localizada no chamado terceiro planalto paranaense a 25°23’36” latitude sul, e 51°27’19” longitude oeste, no Centro-Sul do estado, Guarapuava é um dos municípios mais frios do Paraná. Dotado de natureza com beleza ímpar, o potencial para o turismo rural e de aventura pulsa.

Mas é a geada, a marca típica do inverno guarapuavano. Que o digam as imagens que circulam pelas redes sociais nos últimos dias. E quem não lembra da neve que surpreendeu a cidade em 2013? Esse fato elevou tanto a autoestima dos moradores ao ponto da Prefeitura criar um monumento na Praça 9 de Dezembro, o Marco Zero da cidade.

No primeiro ‘neversário’ teve até festa para comemorar. Bom, a partir de então, a cada temporada de frio, a neve passa a ser esperada.

Araucária (Foto: Arquivo/RSN)

Porém, Guarapuava é assim. A terra onde o gelo se faz presente a cada a ano, além de dias azuis, expõe também árvores nativas. Embora elas estejam ali o ano todo, é nas paisagens de inverno que as araucárias se destacam ainda mais. Afinal, árvore símbolo do Paraná, a araucária resiste a baixas temperaturas de até -6°C.

Mas são as pinhas, que chegam à maturidade entre maio e julho, que nos dá o pinhão. Assado ou cozido, a iguaria é muito consumida, sendo usada em diversas receitas culinárias. Os animais silvestres, especialmente esquilos, ouriços, bugios, quatis, papagaios e a gralha azul, interagem intensamente com as araucárias.

Essa interação torna importante para a dispersão das sementes. E tudo isso é possível observar no Parque das Araucárias, que fica às margens da BR-277. É a única reserva florestal mantida pelo poder público.

As cerejeiras do Parque do Lago (Foto: Arquivo/RSN)

CEREJEIRAS

Mas e o que dizer sobre as cerejeiras que ‘emprestam’ um pouco da beleza oriental ao Parque do Lago? Antes, porém, as ‘sakuras’ pintavam de rosa a Lagoa das Lágrimas. Plantadas por Yoshimi Hishimoto, entre as décadas de 60 e 70. Entretanto, o prefeito da época mandou.

Ao saber disso, Kazuo Kamakami trouxe 500 mudas de São Paulo. Parte delas dão um toque especial no ‘point’ que fica no Centro da cidade.

Dia frio (Foto: Orlando Silva/RSN)

E nos dias de muito frio, quando o termômetro da XV de Novembro registra temperaturas abaixo de zero, a água congelada do Lago compõe um dos cenários mais belos da cidade. Como se vê, a Guarapuava bicentenária, é uma cidade gelada. Mas esse frio contraste com o calor de um povo acolhedor.

Afinal, bater à porta de uma casa, logo cedinho, é se dar o direito de sentir o aroma do café coado na hora. Enquanto isso, a chaleira chia sobre a chapa do fogão à lenha. É o aviso de que a água está pronta para o chimarrão. E se der sorte, ainda vai sentar à mesa para o café preto e o prato de virado de feijão.

Do lado de fora, sobre o telhado, a fumaça sobe para se misturar às nuvens. E quando o Sol se põe no horizonte, não falta quem olhe para cima e avise: “o céu está limpo. Amanhã vai ser outra e das ‘brabas”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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