22/08/2023
Mário Luchetta

Governança corporativa: excelência privada versus cabide público

No coração da gestão moderna, a governança corporativa brilha como bússola para a perpetuidade das organizações. E no governo?

Mario Luchetta (Foto: divulgação)

No coração da gestão moderna, a governança corporativa brilha como bússola para a perpetuidade das organizações. Na iniciativa privada, ela se ergue sobre pilares inabaláveis: integridade que repele corrupção, transparência que ilumina decisões, equidade que equilibra interesses, accountability que cobra resultados e sustentabilidade que visa o amanhã. Empresas como as do Vale do Silício ou as gigantes brasileiras do agro florescem assim – distantes de favores, mas por mérito e visão de longo prazo. É o liberalismo em ação, onde o sucesso é conquistado, não concedido.

Mas no governo? Ah, aí a história é diferente. Recentemente, vimos mais de 400 indicações para conselhos de estatais e empresas mistas, com remunerações extras que chegam a cifras astronômicas mensais, somando milhões aos cofres particulares. Não se trata de expertise técnica ou inovação; é o agasalho de aliados políticos, uma rede de afilhados que drena o erário sem compromisso com o futuro do Brasil. Esses cargos, que deveriam fiscalizar e impulsionar eficiência, viram sinecuras – reuniões esporádicas, ausências justificadas e, no fim, prejuízos para o contribuinte. É governança invertida: em vez de servir à nação, serve ao (s) partido (s) e seus senhores, perpetuando um ciclo de ineficiência que sufoca o crescimento.

Relembremos episódios que ecoam essa sina. Em 2022, o Congresso alterou a Lei das Estatais para encurtar o período de quarentena de quem participa de campanhas eleitorais, liberando figuras partidárias para presidir bancos públicos como o BNDES. Um retrocesso gritante: o que era barreira contra o loteamento político virou brecha conveniente, questionando se a lei protege o interesse público ou apenas os “companheiros” de plantão. Outros casos pipocam: nomeações em estatais sem qualificação aparente, como em distribuidoras de gás ou consórcios bancários, onde o critério parece ser lealdade ideológica, ao invés de currículo. E o que dizer das ausências em reuniões cruciais, enquanto o país patina em déficits fiscais? É o assistencialismo para elites, disfarçado de “pluralidade”.

Aqui entra o papel nefasto do Congresso, muitas vezes cúmplice maior. Deputados e senadores, ávidos por barganhas, trocam votos por espaços no governo – cargos, emendas, favores. É o nosso dinheiro, suado e massacrado, forçado a alimentar um sistema viciado em todas as esferas: do Palácio do Planalto ao Congresso. Esse toma-lá-dá-cá impede o progresso maior, travando reformas que poderiam deslançar o Brasil para a prosperidade. Como alertava Milton Friedman, Nobel de Economia e arauto do liberalismo: “O problema com o governo é que ele quer ser de todos os tamanhos ao mesmo tempo – exceto pequeno”. Pequeno em gastos, grande em resultados: eis o que nos falta.

Precisamos de um Congresso comprometido– eleitores atentos em 2026, fiscalizando e punindo o loteamento. A governança deve voltar às raízes: servir ao povo, não aos pares. Só assim, com integridade real, o Brasil escapa do cabide e abraça o futuro. Hora de desmontar a teia; o contribuinte merece mais que migalhas. O Brasil é gigante, mas se apequena ajoelhado para uma máquina estatal inchada e escravizante, sem esquecer, claro, do Supremo Tribunal Federal, exemplo máximo da desvirtuação da nossa República.

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Cristina Esteche

Jornalista

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