22/08/2023
Brasil Política

Governo correu para marcar reunião após suspeita de propina

Representante da Davati Medical Supply afirmou que um servidor pediu propina para que negócio fosse para 'frente'

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Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde (Foto: Reprodução/G1)

O presidente Bolsonaro marcou uma reunião com os representantes da suposta oferta dos R$ 400 milhões de doses de Astrazeneca, feita pela Davati Medical Supply. Conforme o G1, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias Ferreira, pediu propina de US$ 1 por dose para que o negócio fosse para a frente.

O representante da Davati no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, teria afirmado que Dias Ferreira chegou ao Ministério da Saúde por intermédio do líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros. Entretanto, ele nega a indicação.

COMO OCORREU

No dia 26 de fevereiro, a proposta da Davati chegou ao ministério, um dia após o jantar em um shopping em Brasília em que, segundo Dominguetti relatou ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-diretor de logística fez o pedido de propina.

Eduardo Pazuello comandava o Ministério da saúde, e, chegou a questionar a ansiedade do brasileiro pelas vacinas. De acordo com o G1, ele respondeu no mesmo dia 26 de fevereiro, mais precisamente às 10h37. Além disso, pediu uma reunião com os representantes da Davati para o mesmo dia.

Hoje (30), a CPI da covid-19 deve votar a convocação de Dominguetti, o representante da Davati. E deve também votar a convocação de Ricardo Barros, o líder do governo, que já estava na mira da comissão por conta de suspeitas de irregularidades na negociação de outra vacina, a Covaxin.

Em depoimento, Luis Miranda disse que, ao ouvir o relato, Bolsonaro citou o nome de Ricardo Barros. Assim, o líder do governo nega irregularidades.

A PROPOSTA

O Departamento de Logística do Ministério da Saúde, teve acesso a proposta assinada por Herman Cárdenas, que tem como destinatários o Ministério da Saúde e o ex-diretor de logística Roberto Dias Ferreira. Luiz Paulo Dominguetti Pereira é citado como intermediário da negociação. A Davati, que tem sede no Texas nos Estados Unidos, se define como uma distribuidora de produtos farmacêuticos e de proteção individual.

Desse modo, a proposta feita pela empresa oferece ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses da vacina da Astrazeneca por US $3,50 por dose, num custo total de US $1,4 bilhão. Segundo o documento, as vacinas seriam fabricadas em “vários países” e enviadas diretamente da Astrazeneca para o comprador.

No entanto, a Astrazeneca diz que não tem intermediários no Brasil. Em nota, a farmacêutica diz que todas as doses de vacina do laboratório estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais, como o consórcio internacional Covax Facility. A empresa acrescentou que não disponibiliza vacinas para o mercado privado nem para prefeituras e governos estaduais.

Por fim, a empresa Davati informou que a procuraram. A empresa afirmou que um dos representantes do Brasil entrou em contato solicitando que ajudasse a encontrar vacinas contra a covid-19 para o país.

Ainda na nota, a empresa afirmou que providenciou uma proposta ao governo federal a fim de assegurar vacinas, mas que nunca foi formalmente respondida. “Portanto, a apresentação entre o governo e o vendedor nunca foi feita, e a discussão nunca avançou para um contrato”.

Trecho da proposta de venda de vacinas contra a covid-19 feita pela Davati ao Ministério da Saúde (Foto: Reprodução/G1)

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Antunes

Jornalista

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