22/08/2023
Cotidiano

Governo cria plano de combate ao desmatamento da araucária

O Governo do Paraná, em parceria com o Governo Federal, vai criar o Plano Estadual de Combate ao Desmatamento da Araucária. O governador Roberto Requião, o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, e o superintendente estadual do Ibama, José Álvaro Carneiro, se reuniram nesta segunda-feira (2), no Palácio das Araucárias, em Curitiba, para discutir as diretrizes do projeto. “Em até seis anos, queremos acabar com o desmatamento ilegal que tem sido praticado no Estado”, disse José Álvaro.
De acordo com Rasca, o desmatamento é realizado por uma rede de criminosos. “O Ibama e o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) constataram esta realidade e nós trouxemos a situação para o governador. O projeto vai doer em gente graúda, que vai sentir o peso do Governo do Estado. É um plano forte e duro porque queremos a araucária preservada”, destacou o secretário. A ação será na região Centro-Sul, onde se concentra a maioria das araucárias. A área possui 1 milhão de hectares e representa 5% do território paranaense. A proposta é transformar esse espaço em Território da Cidadania (programa do Governo Federal que visa garantir direitos sociais e desenvolvimento nas regiões pobres).
O Ibama estima que são derrubadas mais de 100 árvores diariamente. Segundo José Álvaro, são em torno de 30 a 40 caminhões por dia, todos os dias do mês, carregados com 400 ou 500 metros cúbicos de árvores. “Este material se transforma em toras, que viram tábuas e lâminas. O que não é aproveitado é transformado em carvão, lenha ou cavaco (madeira moída que será queimada em grandes caldeiras para a geração de energia)”, contou o superintendente do Ibama.
O Plano será lançado oficialmente no dia 10 (terça-feira) e vai contar com a parceria de diversas entidades, como a Polícia Ambiental do Paraná e a Federal, receitas Estadual e Federal, IAP, Ibama, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e da Agricultura. A atuação conjunta será, em um primeiro momento, com presença ostensiva, voltada para a fiscalização. Depois, serão desenvolvidas ações de preservação de todo o bioma da araucária, que envolve árvores que também estão sendo exploradas, como cedro, canela e imbuia.
Paralelo a este trabalho, há a proposta da criação de projetos sócio-ambientais. “Quando as redes clandestinas forem desmanchadas, restarão alguns agricultores e assentados que precisarão de apoio para melhorar sua condição de renda. Então, em parceria com o Incra e o Ministério da Ação Social, estamos também desenvolvendo programas para que essas pessoas não fiquem esquecidas”, explicou José Álvaro.
O trabalho de monitoramento da região pelo Ibama começou em setembro do ano passado e foi realizado em parceria com o IAP. “As imagens (das áreas desmatadas) são terríveis. Há uma rede burlando o sistema de fiscalização. Quando o IAP começou a monitorar por satélite, eles trabalhavam embaixo da copa das árvores, o que dificultava a detecção pelo radar. Estamos diante de profissionais. Por isso a ação do Ibama para traçar este diagnóstico foi importante”, salientou Rasca.
ICMS – O Plano também propõe mudança no ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ecológico. Hoje, disse Rasca, a lei apenas aponta os programas ambientais que devem receber os recursos do recolhimento do ICMS direcionado para as prefeituras. A proposta que será enviada à Assembleia Legislativa do Paraná prevê que a aplicação destes recursos deva ser determinada pela lei ( AEN)

Cristina Esteche

Jornalista

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