22/08/2023
Guarapuava Saúde

Guarapuava começa pesquisa inédita sobre genoma da população

Guarapuava é a primeira cidade do Paraná a sediar pesquisa prevista pelo 'Genoma Paraná' e 'Vale do Genoma' a caminho da medicina de precisão

genoma

Pesquisa inicia a primeira etapa em Guarapuava (Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

João Carlos de Jesus, de 61 anos, carteiro aposentado, mora no Bairro Santa Cruz, em Guarapuava. Ele é um dos 500 sorteados que vai colaborar para o futuro da saúde da população. Confiando no programa ‘Genoma Paraná’, no Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (IPEC), quando pesquisadores baterem à porta da casa onde ele mora, João vai permitir a coleta de sangue para exames de DNA. “Eu conheci esta pesquisa assistindo televisão. Por isso, eu notei que se tratava de um programa sério”.

O programa ao qual o aposentado se refere, trata-se da pesquisa genômica que no Paraná começou por Guarapuava. Em larga escala e associada à inteligência artificial, é o início para a medicina de precisão. Ou seja, podendo ocorrer a execução de tratamentos médicos, de acordo com as necessidades reais dos pacientes.

Conforme o coordenador do projeto, David Livingstone Alves Figueiredo, no futuro, além da prevenção de doenças, os dados genômicos, devem auxiliar na definição de terapêuticas específicas, em diferentes especialidades médicas.

Neste sentido, Guarapuava e o ‘Vale do Genoma ‘devem despontar com as iniciativas e investimentos que estão sendo feitos no setor. Os principais beneficiados são os moradores.

Conforme o médico que também coordena o ‘Genomas Paraná’ e o Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (IPEC), a coleta de amostras do DNA vai identificar e compreender as características genéticas e epidemiológicas da população. Ou seja, vai apontar as aptidões em comum, ancestralidades e muitas outras curiosidades que o DNA pode revelar. Tudo isso vai auxiliar na implantação de políticas públicas e de programas, principalmente na área da saúde.

META É ATINGIR 4,5 MIL PESSOAS

De acordo com o coordenador do projeto, a pesquisa vai verificar a relação dos genes com um conjunto de doenças que podem ocorrer ao longo da vida. Por exemplo, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Essas informações ficarão armazenadas, sob sigilo, para futuras análises dos pesquisadores. Se houver diagnóstico de doenças genéticas, os voluntários receberão a informação.A meta inicial, conforme David, é atingir 4,5 mil pessoas acima de 18 anos, que representem a população de Guarapuava. Deste grupo, também foram sorteados 500 idosos com idade maior ou igual a 80 anos e cognitivamente saudáveis.

Quando sabemos de uma doença, de um problema, fica muito mais fácil tratar e prevenir. Isto é captação de informação e só quem se informa, consegue prosseguir e resolver os problemas que surgem. Informação é fundamental. Sei que desta pesquisa virão coisas boas para nossa população.

Para melhor entendimento, diversas características presentes no organismo humano são determinadas por informações que estão no corpo desde o nascimento. A maioria recebida dos pais. Contudo, existem outras características que aparecem conforme se vivencia experiências de vida. São essas informações juntas que tornam cada pessoa única.As informações presentes desde o nascimento recebem o nome de ‘genes’, que no conjunto permitem o saber sobre a genética. O conhecimento sobre estes genes é de extrema importância para a medicina de precisão, conforme destacam os cientistas. A medicina de precisão é uma abordagem em evolução para prevenção e tratamento de doenças embasadas em informações individualizadas sobre dados genéticos, clínicos, ambiente e estilo de vida de cada pessoa.

TECNOLOGIA

Para isso, os participantes também vão responder um questionário. De acordo com David Duarte Lima, professor da Universidade de Brasília (UNB) e diretor do Instituto Opinião, responsável pelas entrevistas, o conhecimento do perfil genético da população vai auxiliar, tanto na descoberta e na identificação de riscos e de potenciais agravos à saúde desta população, assim como, no tratamento de doenças, especialmente do tratamento preventivo dessas patologias.

“Com o aparato tecnológico que se tem hoje, com o apoio do IPEC, que possui métodos e aparelhagens sofisticadíssimas para o tratamento desses dados, de forma sigilosa, sem identificar ninguém, toda a população será beneficiada. Esta é uma pesquisa de vanguarda para que o Brasil, por meio desses institutos parceiros, possa se inserir em um mundo cada vez mais sofisticado e para benefício de toda a população”. Segundo ele, esta primeira etapa irá até dezembro deste ano. No entanto, as pesquisas seguem pelos próximos 10 anos.

PARCERIAS

Conforme David Livingstone Alves Figueiredo, a pesquisa é uma parceria entre governo do Estado. O aporte financeiro é da Fundação Araucária e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI). A Prefeitura apoia a iniciativa.

Leia outras notícias no Portal RSN.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.