quinta-feira, 10 de abr. de 2025
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Guarapuava é a 3ª pior cidade do PR para ser mulher, diz estudo

O estudo da consultoria Tewá avaliou 319 cidades com mais de 100 mil habitantes. Paranaguá é a primeira do ranking nacional e Ponta Grossa ocupa a 10ª colocação

Guarapuava é a terceira pior cidade do Paraná para ser mulher, aponta estudo

O levantamento analisou 319 cidades brasileiras (Foto: Reprodução/Canva)

Guarapuava é a terceira pior cidade do Paraná para ser mulher entre os municípios com mais de 100 mil habitantes. É o que aponta um estudo inédito da consultoria socioambiental Tewá. O levantamento analisou 319 cidades brasileiras (22 paranaenses) com base em cinco indicadores de desigualdade de gênero.

No ranking nacional, Paranaguá lidera como a pior cidade do Brasil para mulheres, enquanto Guarapuava ocupa a 70ª posição. Ponta Grossa também figura entre as piores do país, na 10ª colocação. Entre os indicadores analisados estão as taxas de feminicídio, desigualdade salarial, presença de mulheres na política, número de jovens que não estudam nem trabalham, além da relação entre oportunidades e a estrutura econômica dos municípios.

Os resultados são contundentes: nenhuma das cidades avaliadas alcançou um nível satisfatório de igualdade de gênero.

PARANAGUÁ LIDERA O RANKING

Em Paranaguá, a desigualdade é acentuada pela predominância de atividades portuárias e agroindustriais — setores historicamente masculinizados. As mulheres ocupam apenas 35,3% dos cargos formais e também recebem salários inferiores aos dos homens. Outro dado que chama atenção é a baixa representatividade feminina na política local, com menos de 10% de mulheres na Câmara de Vereadores.

Além disso, a cidade enfrenta altas taxas de feminicídio. Recentemente, um caso de estupro ocorrido em fevereiro em um posto de combustíveis gerou revolta: a vítima gritou “não” pelo menos 11 vezes, mas acabou arrastada e violentada. Mesmo com provas e testemunhos, a Justiça negou dois pedidos de prisão preventiva contra o acusado.

Já Ponta Grossa, que figura como a 10ª pior cidade brasileira para as mulheres, enfrenta desafios semelhantes. A economia local, baseada no setor agroindustrial, reflete em baixo índice de formalização do trabalho feminino e baixa paridade política.

Curitiba, a 266ª cidade do ranking, tem números melhores, mas ainda está na faixa de desempenho “muito baixo”, que indica grandes desafios. Entre as melhores cidades do ranking, apenas uma paranaense aparece: Londrina, no Norte do estado, ocupa a 313ª posição nacional. O município se destaca pela diversidade econômica e maior inclusão das mulheres no mercado de trabalho e na política, porém ainda abaixo do mínimo ideal.

MUITO A MELHORAR

O levantamento aponta que 99% dos municípios analisados apresentam taxas de feminicídio consideradas muito altas (acima de 3 casos para cada 100 mil mulheres). Em 96% deles, menos de 30% das cadeiras nas câmaras municipais são ocupadas por mulheres.

A pesquisa também evidencia que o PIB elevado não é sinônimo de igualdade de gênero. Em muitos casos, cidades com economia robusta mantêm desigualdades profundas entre homens e mulheres, especialmente onde predomina o agronegócio ou a indústria pesada — casos recorrentes na Região.

Com pouco mais de seis anos até o prazo final da Agenda 2030 da ONU, os indicadores do ODS 5, que trata da igualdade de gênero, estão estagnados ou retrocedendo, de acordo com a Tewá. Para a entidade, é urgente que os municípios desenvolvam novas métricas e políticas públicas específicas, considerando também as intersecções entre gênero, raça, renda e território.

Para acessar o estudo completo, clique aqui. Denuncie a violência contra a mulher ligando no número 180 ou em qualquer delegacia.

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Thiago de Oliveira

Jornalista

Jornalista formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. @tdolvr

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