Neste domingo, enquanto estava de plantão, dividi a mesa com minha filha, Luana. Eu, de um lado, com minhas pautas; ela, do outro, escrevendo sua tese de doutorado. Entre debates e provocações dela, surgiu a pergunta: “O que diferencia a elite dos cidadãos?” Confesso que a questão me intrigou. E você já pensou nisso?
A distinção está na influência na formulação de políticas públicas. As elites influenciam diretamente decisões políticas, enquanto os cidadãos veem seu papel de forma limitada. Esse poder das elites deriva do controle de recursos e influência. Já o povo? Acredita que deve esperar ser lembrado, pois os meios de contestação não têm sido muito democráticos.
EXEMPLO EMBLEMÁTICO
Complexo? Sim, mas real. Durante as leituras da Luana, surgiu um exemplo emblemático. Anos atrás, uma revista de entretenimento entrevistou o chefe de cozinha da residência presidencial de um país latino-americano. Após uma eleição apertada, perguntaram se era difícil ajustar o cardápio aos gostos da nova família presidencial. Ele respondeu que não, pois os líderes mudam, mas os convidados à mesa continuam os mesmos.
O ANFITRIÃO
Trazendo essa analogia para Guarapuava: o novo prefeito é o anfitrião, mas muitos convidados são os mesmos da gestão anterior. Há vereadores, deptados e hoje secretários que já foram destaques na administração passada. Aluns, com cadeiras cativas. Errado? Depende.
Essa dicotomia entre elites e cidadãos, como destacou Stephen Jay Gould, ajuda a organizar o pensamento, mas não captura a complexidade da realidade. O poder é fluido e se molda ao contexto. Muitos seguem servindo aos mesmos convidados, mesmo sob o discurso de renovação. No final, elites e cidadãos agem com base em motivações próprias, e compreender essas motivações é essencial para antecipar comportamentos e dinâmicas políticas.
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