22/08/2023

Guarapuava é o que mais depende do “Bolsa Família”

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Notícia recente que ganhou destaque na “Gazeta do Povo” passou desapercebida entre os escribas locais: Guarapuava é a cidade do Paraná com população acima de 100.000 habitantes com o maior número de famílias inscritas no programa federal “Bolsa Família”.

O dado revela uma realidade que já é conhecida e debatida longamente, de que a região Central é uma das mais carentes do estado, com índices negativos de desenvolvimento humano, com reflexos diretos em Guarapuava – município-sede com maior opções de emprego e de serviços públicos, comparativamente às pequenas cidades que compõem a mesma microrregião.

 

DEPENDÊNCIA

Na forma como os municípios estão constituídos atualmente, com sérias limitações de poderes econômicos e a exorbitante concentração de impostos nas mãos do governo federal, não resta aos prefeitos senão acorrerem de pires na mão aos projetos que o Estado e a União disponibilizam conforme as variações eleitorais.

Em muitos municípios do Paraná houve redução no número de inscritos ao “Bolsa Família”. Segundo a “Gazetona”, são 423.000 famílias paranaenses que recebem recursos financeiros do programa. Em 109 cidades teria ocorrido diminuição na “dependência” dessa fonte, porém há uma dúvida se, nesses lugares, não houve dificuldades para que as famílias se inscrevessem, criando a impressão de queda.

 

SITUAÇÃO HISTÓRICA

Guarapuava e região arcam com a falta de planejamento e de entrosamento regional, o que também é uma situação histórica, de longas datas, remontando à colonização por Diogo Pinto Azevedo Portugal no começo do século XVIII e a distribuição das terras através das sesmarias. A economia cresceu, ou capengou, dentro dessa estrutura arcaica. Um fazendeiro dava mais importância à quantidade de terras do que à produção existente em cima dela.

E economia não é feita só de empreendedores. Ela tem injunções diretas da política. Político, por seu lado, ou pensa com economia quando se trata de investimento público ou só pensa em suas próprias economias – a ordem desses fatores não importa, é a mesma coisa. Tudo se resume à mentalidae, à maneira de pensar e de agir, de encarar os mesmos problemas enfrentados por outras regiões mais desenvolvidas, na política, na economia e no modo como as lideranças locais e regionais se tratam.

 

INDÚSTRIA DO LIXO

Neste particular, as tratativas comandadas pelo prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, para implantação de um consórcio regional de tratamento de resíduos sólidos, ganha notoriedade. É a primeira vez, salvo engano, que os prefeitos de  15 municípios da região sentam-se para encaminhar um projeto industrial de ponta, tendo Guarapuava como sede.

Guarapuava precisa de indústrias e as indústrias não vêm por acaso; ou elas chegam através de fortes incentivos governamentais, geralmente oriundos do governo do Estado, ou aproveitam oportunidades de desenvolvimento setoriais. O desafio para os governantes é estimular essas oportunidades, com projetos inovadores, permanentes, com os pés no chão e uma certa dose de ousadia.

A distribuição da renda obedecendo aos cânones normais da economia, e não apenas com programas de governo, é o meio que as sociedades equilibradas almejam para reduzir a dependência do “Bolsa Família”, da falta de médicos, da redução das doenças, para que as crianças cresçam com perspectivas palpáveis de um futuro mais estável.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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