Da Redação
Guarapuava – Um relatório divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica mostra que Guarapuava é o nono entre os dez municipios paranaenses que mais desmataram nos últimos 14 anos. O município, porém, está em penúltimo lugar nesse ranking com 973 hectares de matas suprimidas. Já Bituruna, que lidera o índice de corte de matas nativas no Paraná, derrubou 5.538 hectares, e está entre os seis que mais desmataram no Brasil. O estudo, porém não diz se o desmatamento foi ilegal ou autorizado, mas coloca de forma generalizada.
De acordo com o Atlas dos Municípios elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica,a extração ostensiva de araucária é uma das principais causas desse vazio. A retirada de pinheiros, principalmente, no Sul paranaenses é causada para a abertura de áreas para lavouras, para uso madeireiro e até para a fabricação de carvão. É nessa região que também estão os três municipios que figuram no topo da extraçaõ madeireira da Mata Atlântica: Coronel Domingos Soares, General Carneiro e Palmas. Para se ter uma ideia da área desmatada pelos 10 municípios que estão no ranking da devastação florestal, equivale a um território comparado a meia cidade de Curitiba. Aliás, a " capital ecoógica" possui apenas 1% de Mata Atlântica e está na pior situação entre as capitais brasileiras nesse setor.
De acordo com a coordenadora do estudo, Marcia Hirota, o levantamento se ateve em áreas com mais de três hectares. Ela diz que o estudo é importante levantar as discussões ambientais nos municípios. “Quando se fala em desmatamento, muitas pessoas têm a impressão de que é algo que acontece muito longe. Mas, se os dados são apresentados por cidade, é possível perceber a situação perto de casa”. Segundo a coordenadora, as cidades também podem agir no combate ao desmatamento, com os planos municipais de Mata Atlântica e com ações como pagamentos por serviços ambientais, incentivo ao turismo e criação de parques.
De acordo com a Assessoria de Comunicação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e o estudo publicado nessa quarta-feira (11) pela ONG SOS Mata Atlântica é muito importante para despertar a consciência ambiental, porém é preciso que realizar um cruzamento de dados com o que é permitido por lei federal e o que não é permitido, sendo assim ilegal. O estudo considera apenas sobre imagens de satélite, ou seja, não considera cortes e desmates autorizados e a existência de espécies exóticas em meio a vegetação.
Segundo esse estudo, de 2013 a 2014, o município de Guarapuava desmatou 54 hectares de vegetação, o que é considerado uma área mínima tendo em vista que nessa região ocorre muito manejo de bracatinga e investimentos industriais, que estão passíveis de autorização ambiental e são permitidos por lei. Nesse mesmo período o IAP autorizou cerca de 30 manejos de bracatinga, substituição de espécies exóticas por nativas, aproveitamento de madeira (quando a maioria cai por condições naturais), cortes isolados (quando a árvore apresenta algum tipo de risco para a população) e apenas 8 autorizações para desmate.
Mais preservadas
O estudo feito pelo SOS Mata Atâtica mostra também quais as cidades que mais preservam área original de Mata Atlântica. Guaraqueçaba encabeça a lista, com 80% da floresta nativa. Os cinco municípios que possuem maiores áreas verde situam-se no Litoral paranaense: Guaratuba, Antonina, Pontal do Paraná e Matinhos, com remanescentes em pontos de difícil acesso, “protegidos” pela Serra do Mar. Ainda se destaca no mapa paranaense uma mancha de mata nativa na região Oeste, no Parque Nacional do Iguaçu.