22/08/2023

Guarapuava inaugura o aterro sanitário com investimento de R$ 1,2 milhão

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Após cerca de 40 anos a “novela” do aterro sanitário de Guarapuava vai ter um final feliz. O secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Milton Roseira Junior  (foto) expôs na sessão da Câmara desta terça-feira (10) o projeto concluído e que será inaugurado na sexta-feira (13). O custo total é de R$ 1,2 milhão, dos quais a maior parte é financiada pela Caixa Econômica Federal. “Do total, R$ 280 mil foi contrapartida do município, no qual está incluída a área. O restante é empréstimo feito pela Prefeitura,” disse o secretário à RSN.

Uma vez implantado o aterro sanitário começa a segunda etapa da obra. Segundo Milton Roseira, agora o município terá dois anos para começar a remediação do lixão, ou seja, retirar ou diminuir a concentração do contaminante nos solos ou nas águas subterrâneas. Para esse processo será preciso buscar novos recursos. “O custo da remediação é mais caro que o aterro sanitário e deve girar em torno de R$ 1,8 milhão”, disse Roseira Junior. Segundo o secretário, o município terá dois anos para concluir mais essa etapa.

 

A NOVELA DO ATERRO
Para construir o aterro sanitário a administração municipal teve que correr atrás do prejuízo. De acordo com o secretário Milton Roseira Junior, em 2005 havia recurso de R$ 1 milhão da antiga Suderhsa (Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Híbridos e Saneamento Ambiental), hoje Instituto das Águas, mas a obra não foi construída pelo ex-prefeito Vitor Hugo Burko, o que acabou gerando multa diária de R$ 10 mil. Burko chegou a assinar um Termo de Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta, o TAC – um acordo firmado entre o Ministério Público(Promotoria do Meio Ambiente) e a Prefeitura para que o aterro fosse construído – o que não aconteceu.

Em 2007 o prefeito Fernando Ribas Carli disse na Câmara de Vereadores que a dívida gerada pelas multas era impagável, pois já somava perto de R$ 40 milhões.
Tempos depois, quando presidia o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Burko foi questionado pela RSN sobre o caso, mas disse que desconhecia qualquer multa, e não poupou críticas ao Município. “ Guarapuava tem as piores condições do lixão no Paraná. É uma vergonha”, atacou.
“O problema maior e que gerou tudo isso foi o depósito de lixo hospitalar no lixão”, revela Milton Roseira Junior.

Em janeiro de 2010 a RSN descobriu que administração do prefeito Fernando Ribas Carli também não tinha cumprido determinações previstas no convênio agora assinado com a Caixa Econômica Federal para a construção do aterro sanitário.

Após a RSN ter levantado o caso, a Prefeitura convocou uma entrevista coletiva com a imprensa para que a ex-secretária Ana Lucia Massaro Tossin (Habitação), Milton Roseira (Agricultura e Meio Ambiente), o Procurador Luciano Alves Batista e o diretor da Surg, Nereu Battistelli, explicassem o caso. Na ocasião os secretários tentaram repassar a responsabilidade da não continuidade das obras à Câmara de Vereadores sob o tom de que "a prejudicada é a população" – chavão que foi repetido vários vezes pelos locutores que trabalham na rádio de propriedade do prefeito Fernando Ribas Carli. É que a Câmara não tinha aprovado o pedido de autorização para abertura de crédito adicional especial do prefeito.

A Prefeitura já tinha construído o prédio administrativo, barracão-oficina e executado outros serviços. Tudo foi feito com a contrapartida do município e o dinheiro acabou quando faltava o principal que era a célula grande (local onde é depositado o lixo) e as três lagoas de decantação (para tratamento do chorume – líquido que sai do lixo decomposto).
Parte dos investimentos já tinham sido iniciados por Burko, revelou o procurador Luciano Alves Batista na ocasião.

Para dar continuidade às obras a administração municipal precisava ter acesso ao recurso de R$ 1 milhão. Mas para colocar a mão nesse dinheiro dependia do aval da Câmara de Vereadores que deveria aprovar ou não o pedido do Executivo de crédito adicional especial. “Precisamos de dotação orçamentária porque quando foi elaborado o Orçamento do Município a Caixa ainda não tinha assinado o contrato. Isso aconteceu somente depois que o Orçamento havia sido aprovado”, explicava Milton Roseira Junior anunciando que iria a Curitiba ou até Cascavel na superintendência da Caixa para pedir mais prazo.

“Estamos com um mês e meio de atraso nas obras por falta de dotação orçamentária”, reclamou à época. O não cumprimento do cronograma de obras exigido pelo contrato poderia fazer com que Guarapuava perdesse o recurso do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal.

“Não aprovamos mais nada no afogadilho”, esbraveja Admir Strechar em 2008. Condição que foi revertida por Carli ainda mesmo em dezembro de 2008.

Cristina Esteche

Jornalista

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