Elas se amam na mesma intensidade, brigam, se ajudam, convivem debaixo do mesmo teto, porém, vivem em mundos diferentes, num universo particular. As gêmeas univitelinas Carol e Gabi, de 12 anos, são exemplos de como o mundo autista é variado. O autismo afeta quase todos os aspectos do comportamento: a fala, os movimentos do corpo, o interesse por amizades, a vida social, as emoções. Há aquele que nem fala, há outro que possui habilidades incríveis.
Gabi e Carol estão se revelando excelentes artesãs. Aos poucos, as miçangas, barbantes e pedras vão ganhando forma pelas mãos das meninas. Pulseiras, colares, estojos e caixinhas de madeira decoradas estão sendo produzidos nos horários de terapia. Carol também está tendo bom desempenho no teatro.
Mãe das meninas, a advogada Ana Paula dos Santos, de Guarapuava, é uma ativista pela causa. Junto com outras mães e familiares, dão vida à Associação Guarapuavana Mundo Azul (AGMA), hoje com 100 associados.
De acordo com Ana Paula, uma preocupação comum a essas famílias, é futuro dessas pessoas. Essa preocupação resume-se numa única palavra: inclusão.
Elas devem ir para escolas regulares ou especiais? E, quando crescerem? Essas são os primeiros questionamentos quando recebemos o diagnóstico. No mundo delas não tem ninguém, mas tem uma a outra. Entendem as crises, os ambientes externos, e uma ajuda a outra a superar tudo isso.
Os preconceitos sofridos pelo autista eram e ainda são muitos, principalmente pelo comportamento, inerente dessa condição. Ana Paula convive com esse diagnóstico há cerca de oito anos e meio. Ela e o esposo Fernando descobriram que as filhas eram autistas quando as crianças tinham três anos e meio de idade. “Até um ano e meio elas tinham desenvolvimento padrão, mas com dificuldade de fala. E então começaram a regredir”.
Começava então a corrida atrás de tratamento, terapias, escola. Entretanto, com o passar dos anos com a criação da AGMA, Guarapuava já vê o autista.
Guarapuava evoluiu muito, já conscientização por parte de professores, médicos.
Atualmente estima-se que 70 milhões de pessoas em todo mundo sejam autistas. Segundo Ana Paula, até alguns anos, estimava-se que havia 1 autista para cada 68 pessoas, mas o número está crescendo. Agora já são 1 para cada 40.
De acordo com o médico Drauzio Varela, os especialistas consideram que a contribuição dos fatores genéticos esteja ao redor de 90%, sobrando para o ambiente apenas 10% da responsabilidade.
Autismo é o distúrbio de neurodesenvolvimento em que a herança genética desempenha papel mais importante. Ainda assim, vale lembrar que não está ao alcance da biologia condicionar o destino final, porque o ambiente modifica a expressão dos genes, e deficiências do desenvolvimento podem ser contornadas ou corrigidas com o aprendizado.
SERVIÇO
Dia 2 de abril foi instituído como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, porém o mês todo é dedicado ao tema.