Um e-mail recebido pela redação da Tribuna/Rede Sul mostrou a preocupação de um dos nossos leitores com a situação econômica do município. É que ao averiguar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, referentes ao mês de abril, nota-se que Guarapuava obteve saldo negativo de 87 empregos.
Os setores de indústria de transformação e construção civil puxaram os números para baixo, contribuindo com o saldo negativo. No setor industrial foram 152 admissões contra 227 desligamentos, o que representa menos 75 postos de trabalho. Ao longo do ano, o saldo deste segmento foi de 366 negativo, resultado da conta de 851 admissões e 1.217 demissões.
No setor de construção civil os números também apontam uma desaceleração econômica no último mês. Foram 118 contratações, 138 desligamentos e o saldo proveniente de menos 20 empregos. Neste período, no setor da agropecuária, Guarapuava teve 133 contratações e 158 demissões. Os setores de comércio e de serviços foram os únicos que não ficaram no vermelho, com 342 admissões contra 324 afastamentos no primeiro caso e 248 contratações e 232 demissões no segundo.
Temos quatro setores, os mais importantes da economia, apresentando uma desaceleração, incluindo o industrial, responsável pela maioria das contratações. Se alguém cria oportunidades de um lado, alguém perde de outro. Estamos só administrando a crise, examina o economista e professor da Unicentro, Ernesto Odilo Franciosi.
Segundo ele, a indústria de transformação em Guarapuava já não é forte, atrelada ao ramo madeireiro, em crise há muito tempo. Temos que começar a trazer novos investimentos, pois as indústrias madeireiras só conseguem se manter com mais tecnologia para manter uma área de reflorestamento. Hoje em dia, poucas conseguem isso, observa.
Por isso a necessidade de uma mudança urgente no perfil econômica da cidade. Precisamos de mais diversidade, inclusive fortalecer a área da agroindústria. O projeto da cadeia produtiva do frango está só no papel, assim como também não existe um pólo calçadista e pólo moveleiro. Abrir um barracão e colocar meia dúzia de máquinas não é introduzir um pólo na cidade, mas mais um fábrica de fundo de quintal. O poder público tem que atrair grandes indústrias que produzam em larga escala e gerem empregos. Há tempo não há nenhuma novidade no setor, nenhuma indústria de expressão, observa.
Laranjeiras do Sul, por exemplo, município com porte bem menor ao de Guarapuava, teve saldo positivo de 32 empregos referentes ao mês de abril. Neste ano, segundo os dados do Caged, Guarapuava está com um saldo positivo de apenas 16 empregos, enquanto Laranjeiras do Sul obteve saldo positivo de 81 empregos, Irati com 85 e Pato Branco 548 empregos.
Guarapuava precisaria estar bem à frente de Laranjeiras do Sul, mas lá a gente percebe mais preocupação com relação aos investimentos. Está se instalando na cidade uma indústria beneficiadora de subprodutos de origem animal, que vai gerar mais de mil empregos diretos, aponta Franciosi.
Para Paulo Benines, leitor do jornal que sugeriu esta matéria, a falta de vontade política está freando o processo de desenvolvimento econômico de Guarapuava. Dias atrás eu ouvi uma entrevista na Rádio Gaucha Am, de Porto Alegre, onde o vice prefeito de Três Coroas, município com 22 mil habitantes, dizia que a cidade possui 450 empresas no ramo calçadista. Segundo ele, 90% da base econômica do município sobrevive de calçados. Quando questionado sobre a crise mundial e os reflexos que poderia ter provocado na atividade, o vice prefeito respondeu que não afetou muito porque nos últimos cinco anos eles voltaram a fabricação para o mercado interno, para outros estados brasileiros.Estamos perdendo oportunidades em Guarapuava, esse filão de mercado poderia dar certo aqui, basta vontade política, desabafa.
Por Daiane Celso