22/08/2023
Segurança

Guarapuava perplexa com repercussão do Caso Robson e ”omissão da Prefeitura”

Guarapuava – A população de Guarapuava amanheceu perplexa com mais uma notícia negativa com repercussão mundial, envolvendo o nome da cidade e a Prefeitura Municipal. Nas ruas, nas lanchonetes, nos locais de trabalho, não se fala em outra coisa: Guarapuava só ganha projeção nacional com notícias de tragédia e omissão do Poder Público Municipal.
”Guarapuava está virando uma cidade de ninguém nas mãos de quem detém o poder. Isso é um absurdo. Estão brincando com a vida de pessoas”, disse a acadêmica Karina Ferreira Klutz.
”Guarapuava só vira notícia nacional quando acontece tragédia. Isso dói em nós que somos guarapuavanos”, afirma Mario Guilherme
O acidente com morte do jogador Robson rocha teve desdobramentos ontem no Jornal Nacional da Rede Globo e nos principais sites e jornais de circulação em todo o território brasileiro. Desta vez, foram as declarações – já antecipadas aqui pela ”Rede Sul” – da família de um menino de 12 anos, de Cascavel, que foi atingido na perna por uma pedaço do piso no mesmo local onde Robson se acidentou no Ginásio Joaquim Prestes.
Estas novas declarações comprometem ainda mais a Prefeitura de Guarapuava. A delegada Maria Niza Nanni, que investiga o caso, havia afirmado inicialmente que não havia ”nexo causal” entre a morte e o piso que se desgrudou, mas há muitas suspeitas quanto à falta de conservação do ginásio de esportes.
O acidente com o menino, ocorrido há quase 2 anos, era um alerta, ou precedente, que não foi sequer ouvido e registrado pela Prefeitura de Guarapuava.
Contrariando a posição oficial da Prefeitura, de ”desconhecimento”, o pai do garoto afirmou já tinham sido detectatadas sérias falhas na quadra e que providências foram prometidas. O acidente com Robson, que morreu de hemorragia ao ter o intestino perfurado com um pedaço do assoalho de madeira, comprova que nada foi feito para impedir uma nova tragédia.
Juristas consultados pela "Rede Sul" levantam a tese de ”culpa inconsciente”, que é quando o agente (no caso a Prefeitura ou quem ela conseguir responsabilizar) deixa de agir diante de um risco iminente, concorrendo determinantemente para a tragédia.
apresentadora global Fátima Bernardes, no encerramento da reportagem de terça-feira no Jornal Nacional. Após a entrevista onde o pai do menino de Cascavel relatava o que aconteceu com seu filho, Fátima Bernades citou que a Prefeitura não quis falar sobre o caso e também ”desconhecia” o acidente anterior ao de Robson.
A perplexidade foi tanta que nem o editor e apresentador do Jornal Nacional, Wiliann Bonner, deixou de comentar. ”Desconhecia!” – disse Wiliann Bonner, numa clara alusão que há informações de sobra para a Prefeitura de Guarapuava tomar uma posição clara em relação ao caso.
Desde que aconteceu o acidente, o prefeito Fernando Ribas Carli não fez nenhum pronunciamento. Desde domingo, a cidade passou a viver sob sobressaltos, com jornalistas ligando do Brasil inteiro. A Prefeitura chegou a ”fechar as portas”. O prefeito não era encontrado em lugar nenhum. Apenas 40 horas depois ao acidente, a Assessoria de Imprensa descobriu que tinha obrigações com a opinião pública e
naquela altura, o corpo já tinha sido sepultado em Foz do Iguaçu, onde o atleta residia antes de vir jogar no Deportivo de Guarapuava.
Na tarde desta terça-feira, a Câmara Municipal de Guarapuava, onde o prefeito controla a maioria dos vereadores, aprovou uma resolução na qual Fernando Ribas Carli pode se ausentar do Brasil sem pedir autorização prévia ou fazer justificativas.

Cristina Esteche

Jornalista

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