22/08/2023
Segurança

Guarapuava: Segundo o SUS, 50% dos casos de violência são contra a mulher

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Edenislon Scoropad e Ketlyn Baltocoski (Facebook)

A morte de mais uma mulher tendo como autor o ex-esposo traz à tona a triste realidade de Guarapuava na questão da violência contra a mulher. Ketlyn Baltocoski,  24 anos, foi morta com um tiro na cabeça na tarde de ontem, segunda feira (10), na casa da sua mãe no Bairro Bonsucesso. O autor foi o esposo de quem estava separada há uma semana. Após ter atirado na  mulher na presença de uma filha de seis anos de idade, Edenilson Scoropad, 32 anos, atirou contra a própria cabeça. Ambos foram sepultados hoje (11) no município de Candói.

Esse é apenas mais um caso que se junta a outros com causas semelhantes onde os autores não aceitam a separação e a violência acaba se transformando em um caso de saúde pública.

De acordo com dados oficiais do SUS (Sistema Único de Saúde), em cada seis atendimentos de violência na rede pública de saúde em Guarapuava, 50% são consequências de violência doméstica omitida pela vítima até a comprovação pelo atendente. “Negam a situação por medo, constrangimento. Vivem intimidadas dentro de seus próprios lares. São prisioneiras das ameaças que podem levar à morte”, diz a doutora pesquisadora em História da Unicentro Rosemeri Moreira à Rede Sul de Notícias.

De acordo com a pesquisadora que trabalha com um grupo de estudantes em projetos de pesquisa na área de violência doméstica, a sociedade cobra do homem uma atitude que o valide como o macho perante a vítima e os outros homens. “É um equívoco tratar como crime passional, que é relacionado a paixão, ao amor possessivo. Quando rotulamos a situação desta forma estamos diminuindo a importância do ato infracional. Homicidas passionais são compulsivos e encontram sua essência no ato de matar quem eles julgam amar.”

Outros três casos recentes aumentam a estatística do último fator da violência doméstica – a morte da agredida ou do agressor.

Em 2013 no Bairro Santana a empresária Ana Claudia Cesewenka Batista, 26 anos, foi assassinada pelo esposo Reginaldo Casagrande Gomes, 39 anos,  que a espancou e depois a  estrangulou até à morte. Reginaldo está preso. No mesmo ano, no Dia das Mães, o mecânico Sidney matou a tiros a ex-namorada Tereza Góes, 52 anos,  no bairro Bonsucesso. Na  Lagoa Dourada outro caso foi registrado quando o ex-esposo degolou a vítima após saber que ela tinha se relacionado com outra esposa. Esses são os casos que chegam à polícia. Não menos graves são aqueles em que o espancamento é diário e que as ameaças impedem de registros, mas que algum dia vai engrossar os índices do feminicidio em Guarapuava.

O feminicídio cria um clima de terror que gera a perseguição e morte da mulher a partir de agressões físicas e psicológicas dos mais variados tipos, como abuso físico e verbal, estupro, tortura, escravidão sexual, espancamentos, assédio sexual, mutilação genital e cirurgias ginecológicas desnecessárias, proibição do aborto e da contracepção, cirurgias cosméticas, negação da alimentação, maternidade, heterossexualidade e esterilização forçadas. 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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