Guarapuava tem até 90 dias para constituir o Conselho Curador, órgão que vai regular o ‘Vale do Genoma‘. De acordo com o Memorando de Entendimento (MOU), assinado nesta quinta (18), também deverá ser constituído um fundo de investimentos. Esse fundo vai apoiar o desenvolvimento de ‘startups’. Duas empresas já irão aportar o capital inicial: os grupos Repinho e Jacto.
De acordo com o documento, o MOU também estabelece outras estruturas para a operacionalização do Vale do Genoma. Como por exemplo, um conselho consultivo e de alguns comitês. Estes serão compostos por pesquisadores de renome em genômica e inteligência artificial na saúde, agricultura e agropecuária.
Assim sendo, o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldo Nelson Bona, é um dos signatários do convênio firmado entre o setor público e a iniciativa privada. Também participam a comunidade científica. Assim sendo, Guarapuava deu um novo passo para a implantação do polo de ‘startups’ voltado para a pesquisa genética.
O PRIMEIRO DO MUNDO
Pioneiro no Brasil e no mundo, o Vale do Genoma será um ecossistema de inovação. A abordagem será na pesquisa genômica e em inteligência artificial aplicada à saúde. Entretanto, com ênfase também em agricultura e agropecuária. De acordo com Bona, a ideia é desenvolver um modelo de coopetição.
Trata-se de um conceito organizacional que alia a cooperação à competição. Também favorecendo o crescimento de segmentos empresariais e profissionais. Conforme Bona, a inovação ocorre na medida em que o governo consegue articular a academia e a iniciativa privada para transformar ideias em projetos de grande impacto.
Com o Vale do Genoma, Guarapuava será um polo na área da genômica, voltado não apenas para a saúde humana, como também para a questão da pecuária e da agricultura, buscando o melhoramento genético de plantel, tudo aquilo que a pesquisa genética permite fazer.
Além disso, a estruturação desse ecossistema de inovação vai impactar na geração de negócios entre ‘startups’ e outras empresas. Isso ocorrerá a partir do desenvolvimento de soluções inovadoras e tecnológicas. Entretanto, considerando o conhecimento científico e a participação de pesquisadores e da comunidade acadêmica.
“O governo entra neste projeto como articulador, a academia com a pesquisa científica e a iniciativa privada com os investimentos necessários para implantação do Vale do Genoma.”
ESTRUTURA
O Vale do Genoma integra a estrutura da Cidade dos Lagos, bairro planejado de Guarapuava. Esse local já conta com o campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Além do Hospital Regional de Guarapuava, o Câncer Center e o Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (Ipec).
De acordo com o prefeito Celso Góes, esse projeto traz uma esperança para a cidade. Conforme o prefeito, tanto na geração de emprego, como na busca pela cura de diversas doenças. “Neste momento dramático que vivemos com a pandemia, percebemos que somente através da ciência, com pesquisas e vacinas, poderemos avançar. Precisamos cada vez mais investir em pesquisas”.
POLO DE STARTUPS
No contexto científico estadual, o Vale do Genoma representa uma unidade central de prestação de serviços de sequenciamento genético e de procedimentos correlatos para pesquisadores de todas as instituições de ensino superior e institutos de pesquisa científica. O ecossistema foi pensado para atender demandas de sequenciamento de vários projetos, inclusive no âmbito da agricultura e agropecuária, por meio de metodologias de alto desempenho.
De acordo com o médico David Livingstone Figueiredo, presidente do Ipec, os estudos serão aplicados com foco no desenvolvimento de produtos e serviços viáveis para o mercado. Doutor em Ciências Médicas e coordenador do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), ele também coordena a Rede de Estudos Genômicos do Paraná. Este mês a Rede passou a integrar a rede nacional que pesquisa o sequenciamento genético do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19.
Conforme David, a estrutura laboratorial vai dispor de equipamentos de última geração para o armazenamento e processamento de dados. “A pandemia ajudou a acelerar o processo para implantação do Vale do Genoma, que será um ecossistema diferenciado porque vai concentrar todos os níveis de conhecimento, desde a pesquisa básica até aquelas desenvolvidas por empresas, no modelo do Vale do Silício, nos Estados Unidos”.
SIGNATÁRIOS
O documento, que já contava com a assinatura do governador Carlos Massa Ratinho Junior, também foi firmado pelos titulares da Seti, Aldo Bona; da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Ramiro Wahrhaftig. E por representantes do Centro de Inovação no Agronegócio (Ciag), da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FSNT), da Associação Cilla Tech Park, além do Ipec.
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