Sofrer agressões pelo fato de ser mulher é o que passam milhares de mulheres todos os anos no Paraná. Muitas vezes, a causa dos crimes é o fato de que o homem não aceita perder o controle que exerce sobre a vítima, sobre a vida dela, as relações ou, até mesmo, a roupa que ela usa.
Humilhadas, silenciadas, e com medo de denunciar, muitas dessas mulheres vivem no anonimato, aguentando caladas a violência que sofrem no dia a dia. Mas algumas delas quebram o ciclo, resolvem falar e denunciam os autores de agressões que têm como base uma cultura machista e a misoginia.
Isso é o que mostram os dados divulgados todos os anos pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp). Conforme os relatórios, de janeiro a setembro de 2022, 151.106 mulheres foram vítimas de violência no Estado e, apesar do medo, denunciaram os agressores. Mesmo tendo uma subnotificação, os números já se mostram alarmantes.
De acordo com dados da pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com o Instituto Data Folha, mais de 4.600 casos de violência doméstica contra a mulher são registrados por mês no Paraná. Em janeiro de 2022, estatísticas apontaram que em todo o Estado são quase 30 mil mulheres com medidas protetivas de urgência aplicadas pela Justiça.
7ª AISP
Entre esses números, há os dados da 7ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), composta por 14 municípios, incluindo Guarapuava. De janeiro a setembro de 2022, 4.372 mulheres sofreram com a violência nessa região. Entre esses casos, 2.275 aconteceram em Guarapuava.
Dessa forma, o restante divide-se entre os outros 13 municípios. Prudentópolis (558), Pitanga (400), Pinhão (346), Manoel Ribas (144), Candói (127) e Turvo (114) passaram de 100 casos. Já Reserva do Iguaçu (95), Santa Maria do Oeste (95), Foz do Jordão (59), Campina do Simão (51), Boa Ventura de São Roque (51), Nova Tebas (50) e Mato Rico (7) registraram menos, mas possuem menos habitantes.
COMPARATIVO
O número de casos de violência contra a mulher vem aumentando nos últimos anos. Considerando o período analisado, de janeiro a setembro de 2022, houve um aumento de mais 8% em comparação ao mesmo período em 2021. Os números saltaram de 139.634 para 151.106.
Quando considerado apenas violência doméstica, o número saltou de 42.539 registros em 2021 para 44.493 em 2022. Na 7ª Aisp, o número de violência contra a mulher saiu de 3.927 nesses meses em 2021 para 4.372 em 2022, um aumento de mais de 11%. Em Guarapuava foram 17% a mais, 1.944 em 2021 contra 2.275 em 2022.
De acordo com especialistas, um dos motivos que pode explicar o aumento é a melhora na forma como os casos são registrados pela polícia. Contudo, também não se descarta um possível aumento da violência contra a mulher.
FEMINICÍDIO
Conforme o Relatório Estatístico Criminal de mortes violentas intencionais da Sesp, de janeiro a setembro de 2022, teve um feminicídio na 7ª Aisp. O caso aconteceu em Guarapuava no dia 17 de julho de 2022 no bairro Cidade dos Lagos. Por não aceitar o fim do relacionamento, o homem matou a mulher e atentou contra a própria vida em seguida.
Contudo, ainda há casos não contabilizados na 7ª Aisp. Em dezembro, uma mulher acabou tornando-se vítima desse crime em Pinhão. O ex-companheiro ateou fogo no carro da vítima de 31 anos. Ela morreu no dia 24 de dezembro, após não resistir às queimaduras.
No Paraná 52 mulheres perderam a vida de janeiro a setembro de 2022, vítimas dessa violência. Os maiores números tiveram registro em janeiro (10) e julho (12), mês em que ocorreu o feminicídio em Guarapuava. Entretanto, a Sesp ainda não divulgou os dados de outubro, novembro e dezembro.
Se considerar o número de tentativas de feminicídio, junto com o crime consumado, os números são ainda mais alarmantes. O Estado registrou 274 casos em 2022, conforme dados do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Assim, isso representa um aumento de 30% em relação a 2021, quando teve 212 registros o ano todo.
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