Jonas Laskouski
Depois de ter deixado um rastro de muita destruição na região do Caribe, o furacão Irma chegou neste domingo (10) ao sul dos Estados Unidos, mais precisamente no Estado da Flórida. Mesmo numa intensidade menor, Irma trouxe consigo ventos de cerca de 200 km/h, como largamente tem mostrado a maioria dos veículos de comunicação.
A RSN conversou com duas guarapuavanas que moram em Fort Lauderdale, na Flórida, e por onde, a princípio, o furacão passaria trazendo riscos para os moradores, que foram notificados para deixarem a cidade. Lis Lozove se deslocou para Wellington, no condado de Palm Beach e, Andrea do Valle foi para Orlando com o marido, a filha e a família do marido. A trajetória do Irma, porém, é suscetível de variações, mesmo com cientistas e especialistas atentos à sua rota.
A devastação causada em diversas ilhas na América Central assusta quem vê as imagens e preocupa a população que está no caminho do furacão, mas conversando com Lis e como ela mesmo conta no depoimento que pedimos que ela fizesse de lá, o furacão perdeu força transformando-se em tempestade, mas sem motivo para alardes, como ela diz, já que a prevenção é feita de maneira muita organizada, numa intensa mobilização. Lis diz também que há um certo exagero por parte da mídia, quando repórteres, por exemplo, se arriscam para gravar suas matérias em meio à tempestade, quando a orientação é ficar dentro de casa ou do trabalho.
Na companhia de um amigo americano, o Gary, a guarapuavana Lis gravou um vídeo falando da situação naquele momento. Eram 17h38 de ontem (18h38 no horário de Brasília) e os ventos estavam fortes, como ela mesmo mostra ao sair para fora do condomínio onde mora. Havia um certo perigo de que a tempestade ficasse mais forte, depois dos estragos causados em Florida Keys e o alagamento de várias ruas em Miami. Na cidade de Tampa, por exemplo, parte das águas nas baías perto da praia foram ‘sugadas’ pelo furacão, fenômeno também observado em algumas regiões do Caribe, deixando secas determinadas regiões.
Para te situar, leitor, o vídeo gravado pela guarapuavana é muito pessoal, tanto é que em alguns momentos – mais que normal – ela esquece do português e fala em inglês, mas logo se atenta que o depoimento é para brasileiros e volta à língua mãe. Gary mantém o seu inglês nativo, claro, traduzido na sequência pela guarapuavana. O que é para entender, você vai entender. E quem a conhece, sabe que bom humor, mesmo em situações adversas, é com ela mesmo. A partir dos 10 minutos e 30 segundos do vídeo, quando Lis sai para fora do apartamento é possível ver a força da ventania.
Já Andrea passou por um susto na madrugada dessa segunda (11). A gente explica. Ela, que está em Orlando, havia gravado um vídeo na noite de ontem também, dizendo que a preocupação maior era com os tornados que se formam durante as tempestades e a passagem do furacão. Por volta de 17h, ela havia feito uma imagem mostrando o tempo relativamente calmo para os níveis esperados, mas que lá pelas 21h a situação, para ela, estava mais tensa já que estavam sentindo [ela e família] que a força do vento estava aumentando. “O vento está mais forte. Temos energia ainda, mas confesso que está um pouco mais assustador”.
À 0h09, a Andrea nos mandou uma mensagem dizendo que eles haviam acabado de saber que o olho do furacão estava virando à esquerda, “bem em cima da gente”. Não tivemos contato durante a madrugada até a manhã de hoje, quando às 8h05 de lá (9h05 aqui), ela nos enviou um áudio dizendo o seguinte: “Às 3h da manhã passou o furacão, o olho passou por nós. Ficou mais ou menos por uma hora. Jonas, é hor-rí-vel”, disse ela separando as sílabas. “Isso que ele estava fraco, categoria 2, o olho já estava se desfazendo. Mas é horrível”, repetiu. Andrea conta ainda que foi a primeira vez que ela sentiu medo, “medo mesmo”.
No vídeo abaixo, Andrea mostra imagens feitas às 11h da manhã desta segunda (11), do terreno da casa onde ela está. E também faz um breve relato das últimas horas, comentando o que já foi dito aí em cima.
Segundo a BBC Brasil, “o mais recente boletim meteorológico do governo americano explica que Irma foi rebaixado para a categoria 1, a mais baixa para furacões, mas que ainda assim tem ventos de 120 km/h.
Quase 3,5 milhões de residências estão sem luz e gás na Flórida. Até agora, pelo menos quatro mortes foram registradas. Ainda de acordo com a BBC, o total de fatalidades, porém, deve aumentar – algo reforçado pela recusa do diretor para Gerenciamento de Emergências da Flórida, Bryan Koon, em confirmar ou negar relatos de danos extensivos causados pelo furacão.