22/08/2023


Cotidiano Paraná

Guarapuavano produz figurino de novelas da RecordTV

Há 30 anos por meio de O Casulo Feliz, o zootecnista e professor, Gustavo Serpa, conquista olhares por várias partes do mundo

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Guarapuavano produz figurino de novelas da RecordTV (Foto: Thiago Marques)

A seda paranaense é exportada para o mercado de luxo europeu. Mas, para além disso, o Paraná é o estado responsável por 85% da produção de seda no Brasil, como informa o Ministério da Agricultura. A sericicultura também está presente em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. Mas a fábrica de fiação de seda do hemisfério ocidental, que exporta 95% da produção, fica no Paraná.

E é justamente trabalhar com a seda que tem feito um guarapuavano se destacar. Há 30 anos, o zootecnista e professor, Gustavo Serpa, faz da seda um luxo e conquista olhares por várias partes do mundo. No entanto, foi preciso olhar além e ver que o material poderia passar por transformação.

E é assim, a partir do princípio de que tudo se transforma, que os casulos de bicho-da-seda indesejados pela indústria têxtil, começaram a ter outra função.

Nossa produção é feita com a reciclagem dos casulos com pequenos defeitos. Temos um intuito e responsabilidade social e trabalhamos com as pessoas menos favorecidas economicamente. Trabalhamos com produção, geração de emprego e sustentabilidade. Atuamos principalmente com a produção de fios para crochê e tricot, roupas e artigos para decoração.

(Foto: Arquivo pessoal)

O Casulo Feliz pega os casulos que a indústria não aproveita e fia de forma manual, transformando em fios, tecidos, tapetes e cortinas. A empresa brasileira só utiliza corantes naturais, não utiliza química. Então, é a casca da cebola, serragem de eucalipto de madeiras nobres de Guarapuava e de Pinhão, café, tomate e outros que dão vida a tinta que muda a cor da seda.

(Foto: Arquivo pessoal)

Além disso, Gustavo atribui também o destaque da empresa ao tripé: sustentabilidade, ou seja, aproveitar o casulo. Responsabilidade social, oportunizando empregos. A terceira ideia é a viabilidade econômica para que a empresa continue crescendo.

Por fim, O Casulo Feliz tem enviado produções para o cinema e para a televisão brasileira. “A novela Gênesis e a novela Jesus tiveram figurino confeccionado por nossa empresa”.

NO PARANÁ

De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná conta com 1.861 produtores de casulo de seda, em 165 municípios, que ocupam 3.900 hectares de plantação de amoreiras (que são alimentos para os bichos). São 2.535 toneladas produzidas anualmente, o que representa 83% de toda a seda produzida no país. A produção paranaense do produto somou R$ 47 milhões na safra 2018/2019.

(Foto: Reprodução/Pixabay)

O empresário, pesquisador e presidente do Instituto Vale da Seda, João Berdu, está há quase 30 anos debruçado na questão da seda paranaense. Ele trabalha com pesquisas e busca formas de fazer com que as confecções locais utilizem o fio da seda nas criações, trazendo maior valor agregado aos produtos.

Foi assim que ele criou o Vale da Seda em 2011, uma ONG sem fins lucrativos que trabalha pelo adensamento da cadeia da seda no Brasil. A empresa é uma das residentes na Incubadora Tecnológica de Maringá.

O principal objetivo do Vale da Seda na Incubadora Tecnológica de Maringá é incluir a seda na cadeia produtiva da confecção brasileira. No Paraná temos um pátio instalado muito moderno que pode facilmente utilizar o tecido da seda para agregar mais valor aos produtos feitos aqui.

O PROCESSO

O bicho da seda não existe mais na natureza, é criado em cativeiro há milhares de anos e o processo de produção do fio mais nobre do tecido começa na folha da amoreira. O bicho era uma praga para a planta, mas, como produzia um fio resistente, foi domesticado, sofreu várias transformações e passou a ser criado em galpões.

Atualmente, a maior parte da produção sai de propriedades de agricultura familiar, principalmente na Região do norte pioneiro, Central e no Noroeste do Paraná. As lagartas produzidas em laboratório são entregues aos produtores em uma espécie de esteira. É uma garantia para que o bicho resista, pois são muito sensíveis.

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Antunes

Jornalista

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