Um conflito de informações entre um comunicado expedido pela Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG) e o decreto municipal, provoca polêmica entre comerciantes. Eles reclamam que na tarde da última sexta (27) receberam a informação oficial da entidade que poderiam trabalhar, a partir de sábado (28), com as portas fechadas. Seria para o recebimento de prestações e ou entrega de produtos ‘delivery’. Essa possibilidade valeria também para lojas e não apenas o setor de gastronomia.
Entretanto, lojistas que estavam trabalhando nesse sistema foram surpreendidos por fiscais da Prefeitura. “Nos mandaram ir pra casa pra não sermos multadas. Isso é absurdo porque um nos orienta a fazer uma coisa e outro manda fazer outra”, reclama uma lojista em contato com o Portal RSN. “Não sabemos mais quem seguir. Está tudo muito confuso”, diz um lojista.
De acordo com o diretor-administrativo da ACIG, Marcos Borges, a entidade divulgou o comunicado após reunião com o prefeito Celso Góes e secretários. “Fizemos uma reunião com o prefeito e secretários na tarde de sexta, antes de sair o decreto. Ficou combinado que o comércio poderia atender com as portas fechadas e com número restrito de clientes. Seria para pagamento de carnês e entrega ‘delivery’. Entretanto, fomos surpreendidos com o decreto que é uma cópia do decreto estadual. O que combinamos não está contemplado. A palavra não foi cumprida”.
SAÚDE E ECONOMIA
Conforme o secretário de Comunicação Social da Prefeitura, Leonardo Rauen, o decreto municipal toma medidas para conter o avanço da covid-19. “O município se preocupa com a saúde da população. O que se quer é evitar o contágio que se dá pela circulação de pessoas. Mas também há uma preocupação muito grande com a economia. Na reunião de hoje vamos procurar a melhor forma”.
O prefeito receberá uma comissão de comerciantes às 14h de hoje. Vale lembrar que Celso Góes disse na sexta que o município está à beira de um colapso na área de saúde por causa do avanço da doença. Entretanto, Marcos Borges lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu autonomia para que estados e municípios encontrassem a melhor forma para medidas restritivas.
“Um município não é igual ao outro. E Guarapuava tem peculiaridades. Não se pode generalizar. Vamos pedir a flexibilização dessas medidas locais, respeitando a saúde do consumidor e de todos”.
Todavia, um dos pontos criticados pelo empresário e que encontrou ressonância na classe foi a urgência do decreto. “O decreto saiu às 17h e já valendo para o dia seguinte. Muitos empresários já somam prejuízos desde o sábado”.
Ele cita como exemplo um buffet da cidade que mostra em vídeo nas redes sociais grande quantidade de carnes, sobremesas e outros prato já prontos. Haveria uma festa no sábado e que teve que ser cancelada. “Poderiam ter dado um tempo maior. Fazer o decreto vigorar a partir desta segunda”.
SEM REPRESENTATIVIDADE
O avanço desgovernado da doença, entretanto, fez o governo recuar a flexibilização do comércio e de outras atividades consideradas não essenciais. Isso provocou uma reação da maior parte de comerciantes de Guarapuava que se organizaram em grupos de whatsApp. Eles pediram audiência com o prefeito nesta segunda (1).
Entretanto, em contato com o Portal RSN – uma das lideranças do movimento independente – disse que não se sente representada pela ACIG. De acordo com a líder empresarial que pediu para não ser identificada, Guarapuava possui mais de nove mil empresas registradas, com CNPJ.
“A ACIG possui pouco mais de mil associados. Portanto, cerca de 10% da empresas do comércio. E só depois que organizamos o movimento é que ela [ACIG] reuniu outros empresários e aderiu ao nosso movimento”.
Conforme o diretor-administrativo da ACIG, Marcos Borges, a entidade esteve em reunião com outros segmentos na manhã desta segunda. “Nos incorporamos ao movimento e vamos participar da reunião com o prefeito”.
Leia outras notícias no Portal RSN.