Cristina Esteche
A captação de órgãos em Guarapuava é recente, pois começou a ser realizada em 2014. A falta de conhecimento, de informação, sobre o procedimento, aliada à questão religiosa, influenciam na decisão da família, fazendo com que a fila de espera para transplantes cresça diariamente. No Paraná, são dois mil pacientes à espera de doação.
De acordo com a enfermeira Raquel Almeida, coordenadora da Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e tecidos para Transplantes (CIHDOTT), do Hospital Santa Tereza, é quase raro familiares autorizarem a doação. Por isso, uma vez comprovada a morte encefálica, a abordagem não é imediata. “Quando chegam familiares de um paciente grave, fazemos a acolhida, damos todas as informações sobre o quadro do paciente para que haja uma assimilação gradativa do que pode acontecer”.
Segundo a psicóloga da equipe, Marielly Mendes Moraes, quando a morte encefálica é constatada por exames e laudos de dois médicos, a família é informada. “Primeiro é preciso deixar a família absorver a notícia, viver o momento de luto. Somente depois disso é que há a abordagem sobre a doação de órgãos”, explica. “A gente pede que a família pense, converse e depois decida”, observa Jaqueline Koszalka, gerente de Enfermagem. “Qualquer decisão é respeitada. Não há nenhuma insistência se a resposta for negativa”, completa a enfermeira Ana Claudia Gomes de Assis.