22/08/2023


Cotidiano

HPV é responsável por 95% dos casos de câncer de colo de útero

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Guarapuava – Relacionado com a atividade sexual, vírus pode ser diagnosticado com o Papanicolau. Em Guarapuava, no ano passado, 11 mulheres morreram por causa deste tipo de câncer

Uma em cada quatro brasileiras é infectada por um agente viral conhecido como HPV, o papilomavírus humano. Banal e inofensivo se detectado precocemente, esse microrganismo está espalhado por todos os cantos do planeta desde a antiguidade, como uma epidemia invisível, atacando mulheres e homens de maneira distinta. Neles, o vírus normalmente é eliminado pelo próprio organismo ou se mantém adormecido, mas pode também ser mais agressivo e causar câncer de pênis. Nas mulheres, pode fazer estragos muito mais sérios.
Um estudo realizado pelo Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo, demonstra que o HPV é responsável por 96,5% dos casos de câncer de colo de útero. Estimativas feitas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o ano de 2008 e válidas também para 2009, mostram que ocorrerão 234.870 novos casos de câncer entre as mulheres e os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os de mama (49 mil) e de colo de útero (19 mil). Em Guarapuava, no último ano, 11 mulheres na faixa etária acima de 25 anos morreram devido ao câncer de colo de útero.
De acordo com a ginecologista e obstetra, Daisy Mara Barros Marcondes (foto) apresenta vários subtipos. “Alguns deles são menos problemáticos e na forma mais branda causam verrugas de mão. As outras formas causas verrugas genitais, verrugas que não aparecem a olho nu e ainda pode estar relacionado diretamente com o câncer de colo de útero”, observa. A médica explica que os principais tipos de HPV de alto risco são o 16, 18, 31 e 45, sendo que 16 é responsável por 54% dos cânceres cervicais.
Há vários métodos de diagnosticar o HPV, mas o mais simples e utilizado ainda é preventivo do câncer de colo de útero. Esse exame capta as alterações formadas pelo HPV e mostra se são lesões pré-cancerosas ou cancerosas. “O Papanicolau é ainda o exame preventivo mais eficiente e deve ser feito anualmente por todas as mulheres que já tiveram relação sexual. O segundo método é o que agente chama de hibridização, onde é feita uma coleta diretamente do colo do útero e o exame traz no resultado inclusive o tipo do HPV. Mas esse exame é muito discutido, porque descobrir que tem um HPV de alto risco ou um HPV de baixo risco não vai mudar o tratamento. Por isso o preventivo do câncer de colo de útero ainda é a primeira opção”, explica.
O Brasil, apesar da alta taxa de casos e mortalidade por câncer de colo uterino, foi um dos primeiros países a introduzir a Papanicolau para a detecção da doença. Mas mesmo com divulgação e serviços públicos à disposição, muitas mulheres não fazem o teste e quando a doença é descoberta já está em fase avançada. “É pouca a procura pelo exame preventivo, mesmo com as nossas campanhas e tendo à disposição das mulheres profissionais, médicos e horários para isso. É um serviço que não tem demanda reprimida, acho que falta um pouco de consciência para as mulheres”, aponta a enfermeira da Clínica da Mulher, Silvia Silveira. Os exames podem ser agendados na Clínica da Mulher ou nas unidades de saúde dos bairros.
Segundo a ginecologista, não se sabe ao certo se os condoms (camisinhas) previnem o HPV, mas, por outro lado, verifica-se que existe uma baixa taxa de câncer cervical nas usuárias desse método. Quanto mais cedo for o início da vida sexual, maior será a probabilidade de entrar em contato com o HPV. O sexo sem proteção e a troca freqüente
de parceiros propiciam o contágio. O vício do cigarro e o alcoolismo são fatores coadjuvantes. Provocam mudanças na química celular e minam a resistência imunológica. Não é impossível, embora seja raro, contrair o vírus em piscinas e banheiros públicos.

Vacina

Em 2006 foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma vacina que protege as mulheres contra o HPV, principalmente dos tipos de alto risco 16 e 18, os mais cancerígenos.
A vacina pode ser tomada por mulheres que ainda não tiveram relação sexual entre os 13 e 26 anos de idade. São três doses – depois da primeira, a segunda é tomada em dois meses, e a terceira, em seis.
A vacina funciona imitando o vírus. Uma levedura produz as mesmas proteínas que formam a cápsula externa do HPV, que se unem no mesmo formato que o vírus. Com isso, o sistema imunológico prepara a defesa para destruir a doença.
Devido ao alto custo, a vacina ainda não é disponibilizada pelo sistema público de saúde, só sendo feita em clínicas particulares. Em Guarapuava encontramos duas clínicas que oferecem a vacina, com variações nos preços. Em uma delas o custo de cada dose sai por R$ 500, enquanto na outra por R$ 390.

Papanicolau
O exame é feito no consultório. A paciente deita-se em uma cama especial de exame ginecológico que mantêm as pernas dela erguidas para que o médico colha amostras de secreção das partes interna e externa do colo do útero. O material coletado é colocado sobre uma lâmina de vidro e enviado a um laboratório para ser analisado. Durante o exame, a mulher sente no máximo um ligeiro desconforto, que poderá ser amenizado se ela relaxar e não tensionar a região pélvica. O procedimento demora poucos minutos. A análise das células em laboratório investiga indícios de câncer e outras doenças.
Para realizar a coleta é necessário não estar menstruada, não usar medicação vaginal até três dias antes da coleta, não manter relação sexual um dia antes do exame.

Cristina Esteche

Jornalista

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