22/08/2023
Geral

IAP usa fogo controlado para restaurar biodiversidade de Vila Velha

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) aplica novamente a técnica de manejo com fogo controlado no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa. Nessa terça feira (11), a área queimada foi de pouco mais de 70 hectares, próximos a espaço de uso público do parque. Nesta quarta-feira, deverão ser queimados mais 31 hectares. O procedimento é acompanhado por bombeiros, estudiosos e policiais ambientais. 

A técnica de manejo com fogo controlado é utilizada há um ano no Parque Vila Velha e já apresenta grandes resultados para recuperação da biodiversidade local. “Da maneira como aplicamos a técnica, garantimos maior controle das áreas onde necessita desse trabalho, sem alterar outros pontos do parque que possuem a vegetação típica de campos”, explica o presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto. 

“Em locais onde já aplicamos o manejo com fogo controlado é possível perceber a presença de espécies de fauna e flora típicas de campos que não eram, ou nunca foram registradas anteriormente”, afirma. Essa técnica de manejo tem o objetivo de restaurar o ecossistema para que ele se aproxime o máximo possível das condições ambientais naturais da época de criação da Unidade de Conservação, há 60 anos. O Parque de Vila Velha é um dos primeiros do país a praticar o manejo com fogo controlado, sem ser de maneira experimental. 

CHUVA E REPRODUÇÃO

O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP, Guilherme Vasconcellos, explica que o instituto faz o manejo nessa época porque é um período de pouca chuva, em que o fogo se propaga com maior facilidade, e também porque que antecede o período de reprodução da fauna local. “Assim, o processo ocorre da maneira mais natural possível”, disse ele. 

O fogo atua na sucessão ecológica, promovendo alterações na composição florística e dos nutrientes do solo. “Observamos que após a aplicação do fogo o ambiente se restabelece, dando oportunidade de sobrevivência e reprodução dos animais típicos dos campos”, informou a gerente do Parque Estadual de Vila Velha, Ângela Dalcomune. “O uso do fogo controlado favorece o aumento da riqueza e da diversidade de espécies, faz com que algumas espécies vegetais dominantes sejam eliminadas e abre espaço para espécies típicas dos campos naturais.” 

RESULTADOS

Na primeira área onde foi aplicado o manejo com fogo controlado existiam árvores de grande porte que dificultavam o desenvolvimento de espécies herbáceas nativas e, consequentemente, a descaracterizavam o ecossistema. Também era afetada a circulação de animais. Agora é possível observar a presença de alguns animais que não eram vistos no local. 

“Conseguimos observar que a partir do momento em que a flora se regenera algumas espécies de animais que frequentam a vegetação de campos são percebidas, principalmente de avifauna, como a perdiz e alguns veados”, explicou a professora da Universidade Positivo, Leila Terezinha Maranho. A professora conduz pesquisas sobre manejo com fogo controlado no Parque de Vila Velha desde 2009, com apoio do Museu Botânico Municipal de Curitiba e com o apoio e acompanhamento do IAP. 

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.