O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Simepar, órgãos do Governo Esadual, retomam nesta quinta feira (8) a operação do Alerta Geada, serviço que auxilia produtores a decidirem sobre a adoção de medidas para proteger lavouras de café contra os danos causados pelo fenômeno.
De maio a setembro, o Alerta Geada faz o acompanhamento meteorológico na região cafeeira do Paraná e produz um boletim diário. As previsões de temperatura e do risco de geadas podem ser obtidas gratuitamente nos endereços www.iapar.br e www.simepar.br, ou pelo telefone (43) 3391-4500, ao custo de uma ligação para aparelho fixo.
Quando esse monitoramento detecta a aproximação de massas de ar frio de intensidade capaz de causar danos à cafeicultura, é emitido um pré-alerta para cafeicultores e técnicos cadastrados, com 48 horas de antecedência. Caso as condições se confirmem, um aviso de ratificação é emitido 24 horas depois.
Os avisos também são divulgados pela imprensa e redes sociais.
Produtores e técnicos interessados em receber avisos por meio de correio eletrônico ou torpedo (SMS) – no celular devem se cadastrar no endereço www.iapar.br.
RECOMENDAÇÕES
Neste ano o fenômeno El Niño – aquecimento anormal das águas na porção equatorial do Oceano Pacífico que produz impactos no clima em todo o sul do Brasil – está ativo e espera-se um inverno muito chuvoso, mas com temperaturas amenas. “Mesmo assim, sempre existe o risco de geadas no Paraná”, frisa a agro meteorologista Heverly Morais.
Por isso, cafeicultores que têm lavouras com idade entre seis e 24 meses devem amontoar terra no tronco dos cafeeiros – prática conhecida como o “chegamento de terra” – ainda neste mês de maio, para proteger as gemas e facilitar a rebrota no caso de geada severa.
A proteção deve ser retirada no final do período frio, em meados de setembro. Se isso não for feito, as plantas podem sofrer danos por “afogamento do caule”, que são lesões provocadas por altas temperaturas.
Em plantios recentes, de até seis meses de idade, deve-se simplesmente enterrar as mudas quando houver emissão do aviso de Alerta Geada; viveiros devem ser abrigados com cobertura vegetal ou de plástico e, em ambos os casos, a proteção deve ser retirada assim que cessar o risco.
PERDAS
Foram emitidos cinco avisos no ano passado, quatro no mês de julho (madrugadas dos dias 23 a 26) e um em 15 de agosto.
Praticamente todo o parque cafeeiro do estado foi afetado por geadas, que atingiram com mais intensidade as regiões de Apucarana, Ivaiporã, Londrina e Maringá. Mas os frutos estavam formados e a produção do ano foi assegurada, o Paraná colheu 1,65 mi de sacas beneficiadas.
Embora as geadas do ano passado, juntamente com a seca no início de 2014, tenham afetado a expectativa de produção neste ano, o frio intenso provou a eficiência do Alerta Geada.
“Quem tinha lavouras na faixa de até dois anos de idade e adotou as recomendações, conseguiu proteger”, afirma o economista Paulo Franzini, do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab).
CUSTO
O Paraná tem cerca de 58 mil hectares de cafezais e aproximadamente 10.000 propriedades, a maioria formada por produtores familiares. Estima-se para este ano uma produção de 550 mil sacas.
Franzini calcula que o cafeicultor desembolse R$ 930 por hectare para fazer o enterrio e desenterrio das mudas com até seis meses. Já o chegamento e retirada de terra nas plantas de idade entre seis meses e um ano custa em torno de R$ 430 por hectare. É um valor baixo em relação ao patrimônio protegido, considerando que a implantação da lavoura cafeeira custa em torno de R$ 12 mil por hectare.
Dirigido ao parque cafeeiro paranaense – distribuído pelas regiões norte, noroeste e parte do oeste do estado, pesquisadores e profissionais da assistência técnica têm observado ao longo dos anos que outros setores também utilizam as informações do Alerta Geada para orientar suas atividades, como a produção de hortaliças, construção civil, área de turismo e eventos e até a indústria e comércio de vestuário.
O Alerta Geada é um serviço da Seab (por intermédio do Iapar, Emater-PR e Departamento de Economia Rural) e Simepar, com apoio do Consórcio Pesquisa Café.