Uma determinação do Instituto Médico Legal (IML) do Paraná reduziu o horário de expediente do órgão em Guarapuava. Uma escala afixada na porta do IML mostra que o atendimento de perícias e liberações de cadáveres, a partir de agora, será feito somente das 8h às 22h. Essa redução pode causar transtornos à população de Guarapuava e de outros 23 municípios da macrorregião, além da sobrecarga de trabalho dos funcionários que, pelo trabalharem com número reduzido, chegam a ter jornadas de trabalho de 14 horas por dia. Segundo IML de Guarapuava, até novembro, era permitido que funcionários de outros municípios prestassem auxílio em Guarapuava, com uma ajuda de custo de R$ 180. Porém, esse valor foi cortado e, consequentemente, essa contribuição acabou.
Para se ter uma ideia, o corpo da jovem Raquel da Silva, que morreu afogada na localidade de Saltinho, em Prudentópolis, no domingo (2), só está sendo periciado na manhã desta terça feira (4), após a chegada de uma equipe auxiliar de Curitiba. Entretanto, o auxiliar de necropsia que atua também como motorista, saiu na manhã de ontem (3) para buscar outro cadáver que morreu de afogamento no interior do município de Marquinho, conseguindo retornar ao IML apenas por volta das 22h. Em seguida, por um gesto de solidariedade com a família de Raquel, foi até Prudentópolis, retornando por volta da 1h desta terça. O corpo da jovem ficou à espera da perícia até a chegada equipe auxiliar e por volta das 10h55 de hoje (4) o corpo foi liberado aos familiares.
De acordo com o IML, outro problema provocado pela nova normativa afetará as vítimas de violência sexual, que antes eram atendidas com emergência. Como o médico legista também não irá trabalhará durante a madrugada, essas vítimas terão que aguardar até às 8h da manhã seguinte para serem atendidas, o que prejudicará o exame, já que, caso a vítima tome banho, prejudicará coleta do material genético do agressor.
POSICIONAMENTO
De acordo com o diretor administrativo da Polícia Científica do Paraná, Moisés Alves Nunes, o procedimento é padrão em todo o Estado e, no caso de necropsia, atende exigências técnicas.
A luz natural permite maior eficiência nos exames e a necropsia é feita já nas primeiras horas do dia.
Segundo Nunes, em casos de morte por algum tipo de contaminação, por exemplo, a instrução é de que o corpo seja primeiro congelado, para então ser periciado. “Em outros casos, o cadáver só pode ser periciado após seis horas da morte”.
Porém, ele assegura que a coleta de corpos não tem horário para ser realizada. Nunes também contesta a sobrecarga dos funcionários, dizendo que estes não cumprem expediente, mas apenas plantões. Ainda de acordo com Nunes, a governadora Cida Borghetti abriu recentemente um chamamento para a contratação de mais 28 funcionários no Estado, que deve contemplar, também, Guarapuava.