Incidência de multas por radares geram reclamações

A grande incidência de multas que pesam contra motoristas que circulam em ruas onde há radares instalados em Guarapuava está gerando a reclamação de quem está sendo penalizado. O conselheiro tutelar de Pinhão, Aldo José Amaral disse que em 2010 estava trabalhando no Conselho Tutelar daquela cidade e veio a Guarapuava em busca de uma adolescente que havia fugido de casa. Quando retornava, perto das 15 horas de 24 de outubro, passou pela Rua Professor Becker e foi multado em R$ 570,00, além de perder sete pontos na carteira de habilitação e ainda a suspensão do direito de dirigir.
“Tive de fazer o curso de reciclagem. Eu nunca tive multas e nem perda de pontos na carteira”, afirma. Aldo observa que nesse dia passou sete quilômetros acima do permitido dos 50% de tolerância. Na Rua Professor Becker está instalado um dos três radares fixos instalados na cidade e assim como na Rua Comendador Norberto a velocidade máxima permitida é de 40 quilômetros/hora. Na Avenida Manoel Ribas a velocidade máxima liberada é de 60 quilômetros por hora.

"Por que não montam radares nos pontos em que os filhinhos de papai fazem rachas? Será que é por que tem parentes do prefeito que fazem rachas? questiona Aldo.
Instalados pela empresa LaserTec, de São Paulo, de acordo com informações do Coordenador Operacional do Guaratran, Altair Bonassa, os equipamentos são auferidos pelo Instituto de Pesos e Medidas (IPEM), vinculado ao Inmetro.
“Esse equipamento é vistoriado e depois lacrado pelo próprio IPEM”, assegura Bonassa.
A velocidade permitida em ruas onde existem radares é determinada pelo Departamento de Engenharia da Surg a partir de estudos técnicos exigidos por lei.
No caso da margem de tolerância no excesso da velocidade acima daquela que é permitida, Bonassa exemplifica. “Se a velocidade permitida é de 40 quilômetro por hora e o motorista está em 47 km/hora o radar não registra esse excesso, mas se o condutor do veículo ultrapassa os 48 km/hora a multa já é aplicada. Já o percentual é utilizado pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) para classificar o grau da punição. Portanto, o percentual não tem nada a ver com a tolerância da velocidade”, esclarece.
Só para se ter uma ideia de como esse esquema funciona, quem dirige acima de 50% da velocidade permitida a infração é considerada gravíssima. Além de perder sete pontos na carteira de habilitação e o direito de dirigir, o motorista recebe uma multa três vezes superior ao valor de R$ 191,00, ou seja, R$ 570,00. Para quem ultrapassa abaixo dos 50% até 20% perde cinco pontos na CNH e é multado em R$ 127, já quem ultrapassa menos de 20% acaba perdendo quatro pontos na carteira e a multa é de R$ 85.
“Tudo já é calculado automaticamente pelo próprio equipamento a partir de um programa desenvolvido pela Celepar (Companhia de Informática do Paraná), do Governo do Estado.
Os valores arrecadados com as multas vão para o Fundo Municipal de Trânsito (FUNTRAM) com contabilidade feita pela Contadora do Município, Clara Schadek. De acordo com informações prestadas pela contadora à RSN, a média geral de arrecadação com multas no trânsito é de R$ 132 mil. Destes, a maioria são multas do DETRAN e apenas um percentual mínimo retorno ao município.
“Os radares são equipamentos mais para conscientização do motorista que passa a ser mais cuidadoso com a velocidade”, diz Clara. Segundo a contadora, as multas dos radares em Guarapuava geram cerca de R$ 15 mil por mês.
A média de multas aplicadas pelos radares é de fonte restrita. Apenas o diretor de trânsito, Fernando Alberto dos Santos, o Fernando da Maçã, que também é diretor-presidente da Surg, tem acesso a esses números. Ele não foi encontrado para comentar o assunto.
A arrecadação deverá ser destinada a melhorias no sistema de trânsito da cidade, gerenciado pelo Guaratran. Hoje esse departamento opera com 13 agentes de trânsito que cumprem escalas. “Temos dois a três agentes trabalhando por dia entre a parte administrativa e a fiscalização nas ruas”, diz Bonassa.