Dados preliminares levantados pela Secretaria Municipal de Saúde em Guarapuava revelam uma marca histórica. O município conseguiu reduzir para um dígito o índice de mortalidade infantil no município, caindo gradativamente de 20 para 8,5 óbitos para cada mil nascidos vivos. Essa redução vem acontecendo anualmente desde o final de 2013, quando o programa Mamãe Guará foi instituído pelo então secretário de Saúde, Stefan Wolanski Negrão.
“Essa redução foi anual e se em 2017 alcançamos 12 óbitos para mil nascidos vivos, em 2018 chegados a 8,5”, disse a coordenadora do Centro de Saúde da Mulher, Sueli Terezinha Martins Ribeiro ao Portal RSN. Esse número deverá ser balizado pela estatística do Estado, prevista para divulgação em fevereiro.
“Pode haver pequena alteração porque a pesquisa é mais abrangente, mas não passará desse índice”, disse o secretário Celso Góes. Segundo ele, essa é uma marca histórica que se deve também ao programa Mamãe Paranaense e, principalmente, ao empenho da equipe da Saúde.
Em 2018 tivemos muitas dificuldades com a falta de médicos, mas mesmo assim a equipe se empenhou e chegamos a um dígito e somos gratos a esses profissionais que se empenharam a cobrir cada demanda.
De acordo com a conselheira da Secretaria Estadual de Saúde para Gestão em Sistemas de Saúde, a médica pediatra Maria Emi Shimazaki, até pouco atrás, a saúde de Guarapuava era o “patinho feio” do setor no Paraná.
“Vivemos numa região de Baixo Índice de Desenvolvimento Humano [IDH], mas conseguimos atingir um número surpreendente e vamos continuar trabalhando para reduzir ainda mais”, disse Maria Emi.
Segundo Celso Góes, essa meta passa, principalmente, pela atenção básica, com atendimentos diferenciados às gestantes. “A ordem é morte zero nas unidades básicas de saúde”, determinou o secretário aos médicos.
MAMÃE GUARÁ
O trabalho de enfrentamento à mortalidade infantil, o Mamãe Guará, age como apoio ao programa estadual Mãe Paranaense, mas com atuação específica para as demandas de Guarapuava. No Estado, o conjunto de ações envolve a captação precoce da gestante; o seu acompanhamento no pré-natal, com no mínimo sete consultas; a realização de 17 exames; a classificação de risco das gestantes e das crianças; a garantia de ambulatório especializado para as gestantes e crianças de risco; e a garantia do parto por meio de um sistema de vinculação ao hospital conforme o risco gestacional. No município, essa rede é intensificada.
De acordo com a coordenadora do Centro de Saúde da Mulher, Sueli Terezinha Martins Ribeiro, esse trabalho é o responsável pela redução no índice de mortalidade infantil. São capacitações dos médicos, monitoramento sistemático, corpo-a-corpo das gestantes, treinamento prático e teórico sobre o pré-natal de todos os clínicos da atenção básica, controle rigoroso dos exames das gestantes se unem á implantação de um protocolo para que os “médicos falem a mesma língua”.
“Se um exame de determinada gestante dá alterado, a UBS de origem é notificada e agentes de saúde monitoram o estado de saúde e se a paciente está fazendo o tratamento prescrito, indo até a casa, quando for o caso”, diz Sueli. Segundo a enfermeira, os exames são realizados nos laboratórios conveniados com o município possibilitando esse acompanhamento.
Em 2018, o programa atendeu uma média de três mil gestantes, das quais 15% foram gravidez de alto risco, tendo a hipertensão como principal causa (115 por mês). Diariamente, equipes do Mamãe Guará visitam maternidades dos hospitais São Vicente e Santa Tereza para monitoramento de recém-nascidos e crianças internadas. Todas essas recebem monitoramento durante o pré-natal e nos primeiros meses de vida do bebê.