22/08/2023
Economia

Indústria brasileira pede urgência na adoção de medidas para retomada do crescimento

A certeza de que o Brasil precisa passar por ajustes para que reencontre o caminho do crescimento marcou o primeiro dia do 10º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), aberto nesta quarta-feira (11), em Brasília. O evento, organizado pela Confederação Nacional da Indústria, reúne cerca de 2 mil líderes empresariais de todo o país. Para o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, que lidera uma comitiva de industriais paranaenses que participa do evento, essa correção de rota é urgente. Em sua opinião, porém, o grande desafio é sensibilizar governo e Congresso Nacional para que adotem, de fato, uma agenda de reformas pensando no desenvolvimento do país em longo prazo.

“São 10 anos de realização do ENAI e talvez nunca tenhamos chegado ao encontro em um momento tão complexo”, afirmou Campagnolo. “Estamos chegando ao fim de 2015 com um quadro econômico e político muito ruim e se não tivermos sinais claros de mudança logo, continuaremos com muitas dificuldades em 2016”, acrescentou.

Para ele, o ENAI serve para que a indústria, mais uma vez, marque posição em relação aos temas que considera essenciais para a retomada da competitividade. Demandas já foram apresentadas a representantes do poder público em diversas ocasiões, mas que ainda não foram implantadas. “A CNI tem uma agenda nacional para a retomada da competitividade da indústria e do crescimento econômico. Nós da Fiep também temos a nossa. Todas essas propostas foram apresentadas aos candidatos no ano passado, mas, apesar de serem muito consistentes, não foram adotadas até hoje”, disse. “Infelizmente, a gente não vê por parte do governo e do Congresso Nacional nenhum sinal de convergência com os anseios do setor industrial e da sociedade”, completou.

A necessidade de ações concretas em favor das reformas estruturantes para que o país retome a rota do desenvolvimento foi destacada também pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. "O momento exige transformações abrangentes. É preciso que o setor público se comprometa com uma profunda melhoria do ambiente de negócios no Brasil. A agenda passa pelo reequilíbrio macroeconômico, pois a estabilidade e a previsibilidade são condições fundamentais para o crescimento. Mas o ajuste precisa ser rápido e cirúrgico para minimizar os custos que o acompanham”, declarou.

 

Andrade defendeu ainda uma reforma da previdência, avanços no sistema tributário, nas relações de trabalho e na regulação das concessões. E destacou a importância de os empresários se mobilizarem para viabilizar as reformas que vão elevar a competitividade da indústria.

Turbulências políticas

O que também ficou claro no primeiro dia do ENAI 2015 é que a discussão e implantação das mudanças necessárias para a retomada do crescimento depende, antes de tudo, de soluções para o imbróglio político em que o país está envolvido. Presente na abertura do evento, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, afirmou que a disputa política não pode prejudicar a implementação das reformas. “Essa agenda demanda um mínimo de entendimento político. A indústria tem a responsabilidade de, ao lado de outras forças sociais, clamar por um entendimento político que permita que se promova o entendimento em torno de uma agenda mínima que não se destina a ajudar esse governo, mas uma agenda de Estado”, declarou.

O impasse político, que gira principalmente em torno da discussão sobre um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff, também foi o principal tema do painel “O Congresso Nacional em um ambiente de desafios para as empresas”. O debate reuniu três deputados federais e três senadores, tanto governistas quanto oposicionistas. “O governo não tem força e credibilidade para fazer o que é necessário e a oposição também não tem força para resolver o nó político, que se chama impeachment. Isso resolvido, se vamos continuar com Dilma ou não, aí sim vamos ter que partir para a definição de uma agenda”, afirmou o senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES).

Uma das respostas coube ao deputado Paulo Teixeira (PT/SP). “A legitimidade vem das urnas. Temos que ter uma solução dentro da Constituição, não poderá ser fora dela. Vamos trabalhar no sentido de construir maiorias, em diálogos, para resolver os problemas de nosso país”, disse.

Além deles, participaram do painel os senadores Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) e José Pimentel (PT/CE) e os deputados Bruno Araújo (PSDB/PE) e Silvio Costa.

A programação do 10º ENAI segue nesta quinta-feira. O encontro será encerrado com uma palestra do ex-presidente norte-americano Bill Clinton.

Cristina Esteche

Jornalista

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