Por Andréa Martinelli, do HuffPost Brasil
São Paulo – Joesley Batista, empresário e dono da JBS, afirma, em entrevista à revista Época desta semana, que o presidente Michel Temer "é chefe da quadrilha mais perigosa" do Brasil e que "quem não está preso, está no Planalto".
O empresário afirma que o presidente não tinha "cerimônia" para pedir dinheiro e que Eduardo Cunha cobrava propina em nome de Temer.
Joesley ainda diz que pagou pelo silêncio na prisão de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, apontado como o principal operador de propina do ex-presidente da Câmara, e que o ex-ministro Geddel Vieira Lima era o "mensageiro" de Michel Temer.
"É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida", disse Joesley Batista à Época.
Segundo o Estadão, o empresário, que após ter acordo de delação premiada foi morar nos Estados Unidos, está no Brasil desde o último domingo (11) e, nesta sexta (16), prestou depoimento na Justiça Federal, em Brasília.
Na entrevista à Época, Joesley dá detalhes sobre a "compra de silêncio" de Eduardo Cunha, notícia que desencadeou a crise ano governo ao ser divulgada pela coluna do jornalista Lauro Jardim, no jornal O Globo.
"Virei refém de dois presidiários (Cunha e Lúcio Funaro). Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado. O Eduardo me pediu 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso. Eu tinha perguntado para ele: "Se você for preso, quem é a pessoa que posso considerar seu mensageiro?". Ele disse: 'O Altair procura vocês. Qualquer outra pessoa não atenda'. Passou um mês, veio o Altair. Meu deus, como vou dar esse dinheiro para o cara que está preso? Aí o Altair disse que a família do Eduardo precisava e que ele estaria solto logo, logo. E que o dinheiro duraria até março deste ano. Fui pagando, em dinheiro vivo, ao longo de 2016. E eu sabia que, quando ele não saísse da cadeia, ia mandar recados."
No áudio, anexado na delação premiada de Joesley na Operação Lava Jato, o empresário comenta com Temer que está pagando R$ 500 mil por semana ao ex-presidente da Câmara. Ao ouvir, Temer afirma: 'Tem que manter isso, viu?'. A mesada de Cunha, segundo o delator, foi acertada em R$ 500 mil semanais por 20 anos, totalizando R$ 480 milhões.
Leia a entrevista completa no site da revista Época.