22/08/2023
Segurança

Jovem sofre tentativa de estupro, mas consegue dominar o agressor

imagem-21372

Matagal tomando conta do espaço ocioso, muros quebrados, rua mal iluminada. O cenário é apropriado para que marginais ataquem as pessoas que por ali passam. O terreno baldio no Alto da XV de Novembro já pertenceu à antiga Construma e está alienado à Justiça. Foi nesse trecho que uma acadêmica de Serviço Social da Unicentro foi atacada por um homem que tentou estuprá-la na noite de sexta-feira (5). O crime não se consumou porque a vítima teve frieza e conseguiu dominar a situação.
“Eu voltava da universidade e estava indo para casa. Moro na Rua Alcione Bastos, no Alto da XV. Uma quadra antes de chegar no templo da Comunidade Viva vi dois homens; um deles sobrou no sentido da Rua Guaíra e o outro seguiu a XV”, relata.
Em frente a Cerealista Chiquito a jovem percebeu que o homem a seguia. “Saí de cima da calçada e fui para o meio da rua. Quando cheguei próximo de uma metalúrgica ele passou na minha frente e sumiu”, diz.
Vestindo um agasalho escuro com três listras vermelhas, boné bege e tênis branco, o homem, porém, esperava a vítima numa rua à frente nas proximidades da Unifort. “Como vi que tinha movimento de carros naquela rua que é o caminho para minha casa, entrei e segui andando quando o homem me agarrou por trás, me deu uma gravata e empurrou a minha cabeça para baixo. Quando perguntei se ele queria dinheiro, respondeu que era traficante, que tinha dinheiro no bolso. Ele só falava que queria sexo”, relata a jovem, emocionada.
Para ganhar tempo, a vítima pedia que ele não a violentasse e que não a matasse. “Disse para ele que segurasse a minha mão como namorado e que me levasse. Ele entrou numa outra rua onde há pés de eucaliptos e uma casa que foi desmanchada. Eu perguntei se ele tinha ‘camisinha’ porque eu tinha Aids”. A resposta do marginal apavorou a jovem ainda mais. “ Ele disse que não tinha problema porque ele também era aidético. Mesmo assim, fui procurando conversar com ele dizendo que eu freqüentava o SAE (Serviço de Atendimento Especializado), que não podia manter relações sexuais sem preservativos, que eu estava desempregada por causa da doença e que estudava Serviço Social para poder ajudar as pessoas. Quando disse isso, ele soltou da minha mãe, ergueu o boné e disse que Deus me abençoasse e que eu podia ir embora, mas que não gritasse e não falasse nada a ninguém porque ele estava armado e que me mataria.”
Caminhando rápido sem ter coragem de olhar para atrás, a jovem continuou andando até ter coragem de começar a gritar. Em casa, a vítima contou aos familiares e chamou a polícia. “Eu estava em pânico, chorava e gritava chamando pela minha mãe. Meus filhos ficaram doentes e estou apavorada. Não consigo andar sozinha. Meu irmão tem que me buscar na universidade”, diz.
A jovem já registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar e nesta segunda-feira (8) foi até a Polícia Civil onde enfrentou novo constrangimento. Mesmo sendo na Delegacia da Mulher quem a atendeu foi um policial. "Eu não tinha coragem de contra a ele o que o homem que tentou me estuprar falava. Escrevi porque não me senti constrangida", afirmou. 
“O que me apavora é que o matagal e a falta de segurança continuam; que o esse homem está solto e que pode atacar outras mulheres”, diz a jovem.
Para avisar as pessoas, a vítima saiu de casa em casa nas proximidades de sua residência. “Fui avisar as pessoas e alertar sobre o que aconteceu comigo. Fui esclarecer sobre os direitos, principalmente, o de ir e vir e ser protegida ”, afirma. 

 KAUANY FOI MORTA NA MESMA REGIÃO
O local onde a acadêmica de Serviço Social foi atacada fica nas proximidades onde a adolescente Kauany Cristina Gonçalves, 15 anos, foi morta em outubro. A jovem, grávida de seis meses, foi encontrada na Rua Senador Pinheiro Machado, no Alto da XV de Novembro. Ela foi estuprada e tinha um tecido branco amarrado no pescoço. Ela teve o rosto desfigurado.  A polícia ainda não desvendou esse crime.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.