(i)
TODO AQUELE QUE SE GABA de viver matando o tempo, cedo ou tarde, mas em tempo, é morto por ele.
(ii)
DEVERÍAMOS AGIR DE MODO SIMILAR aos cães, no que se referem às amizades, livros e músicas. Tal qual um cachorro, deveríamos conhecê-los pelo seu cheiro, pelo odor que exala da profundeza de seu ser.
(iii)
QUANDO, POR DESCUIDO, VEJO UM grupinho de pessoas dançando funk, onde as raparigas flexionam os joelhos, arrebitando os glúteos, no tal do quadradinho, para que os rapazolas insinuem estar deslizando sua mão sobre a protuberância empinada, tenho a clara impressão de que as primeiras estão, eroticamente, pedindo para terem suas nádegas limpas, enquanto os segundos manifestam, alegremente, o desejo de fazê-lo com a mão desnuda, sem um pedaço sequer de papel higiênico.
(iv)
NADA MAIS CONFUSO QUE UM caipora que confunde o brilho de uma ideia com o seu conteúdo.
(v)
O TONGO DE CARTEIRINHA É aquele sujeito que tem sua personalidade alicerçada em uma ideologia de araque. Retire-a dele e a única coisa que restará será apenas um garotinho, ao mesmo tempo, assustado e revoltado com a realidade e consigo mesmo.
(vi)
COM GRANDE FREQUÊNCIA OS FILHOS da modernidade, que se creem livres e emancipados, imaginam que a aceitação de toda e qualquer vulgaridade rasteira seria sinônimo de tolerância e liberdade.
(vii)
NA SOCIEDADE ATUAL MUITAS pessoas, muitas mesmo, se encontram num lamentável estado de desordem espiritual e, assim estão, por terem caído no malicioso canto das sereias cínicas e levianas de hálito politicamente correto e, por isso, acabam facilmente confundindo o que é certo com aquilo que aparentemente lhes convém e, tal situação, é tão triste para os indivíduos, em particular, quando danosa para a sociedade, dum modo geral.
(viii)
O CARNIÇA QUE DIZ, COM aquela voz mansinha e disfarçada, que tudo é relativo e que, por isso, tudo teria o mesmo valor, normalmente é o mesmo filho duma égua que histérica e violentamente afirma que o seu modo de ver o mundo é o único bonzinho que existe e que estaria totalmente liberto daquilo que eles raivosamente chamam de discurso de ódio. Aí que ódio.
(ix)
OS HOMENS MODERNOSOS, com seus espelhinhos digitais sempre à mão, soberbamente abandonaram o devido culto a Deus para se agarrarem tolamente aos ídolos do momento.
(x) TÁ VIRANDO ROTINA, NA SOCIEDADE atual, termos de nos deparar com mostras fecais que são apresentadas como se fossem obras primas. Pior. Se alguém ousa simplesmente dizer o óbvio, de que a suposta obra de arte não passa duma devassidão não somente ética e moral, mas também e principalmente estética e conceitual, mais do que depressa aparece uma horda, de progressistas e revolucionários, para advogar em favor da destruição de todo senso de razoabilidade que é promovido por essas tranqueiras. E não apenas isso. Essas cândidas alminhas vêm, com aquele papo de sonso indignado, dizendo que estão querendo cercear a liberdade de expressão dos supostos artistas e blábláblá. Bolas, carambola. Quer saber duma coisa? Que tal vermos, então, um vanguardista obrar no mato e se limpar com urtiga e apresentar o resultado disso como uma performance transversal da agonizante estultice diplomada contemporânea? Tal performance não será bonita, imagino eu. Não mesmo. Mas, ao menos, quem sabe, será engraçada para alguns.