O quarto dia de julgamento do professor universitário Luiz Felipe Manvailer está sendo marcado pelo depoimento do investigador de polícia Leandro Dobrychtop, responsável pelas investigações no local do fato, ele se limitou a fotografar a entrada do prédio onde o corpo da advogada Tatiane Spitzner estava estirado ao chão. Ela pode ter sido vítima de feminicídio, crime pelo qual o então esposo, Manvailer está sendo julgado. Entretanto, a defesa explora a tese de queda acidental da sacada do quarto andar do edifício Gold Garden, no Centro de Guarapuava.
Leandro contou chegou ao local por volta das 2h57 da madrugada de 22 de julho de 2018. Como encontrava-se de sobreaviso recebeu uma ligação da delegacia e se dirigiu ao local informado. Conforme Leandro a informação inicial era de que uma mulher tinha se jogado de um prédio.
CHEGADA AO LOCAL
Lá, começou a fotografar a entrada do prédio onde havia uma poça de sangue. “Fui seguindo os rastros de sangue e cheguei ao elevador”. Junto com ele estava o perito Edimar Cunico e um auxiliar. Como já tinham a informação de que a vítima morava no quarto andar, seguiram para lá. De acordo com o testemunho do investigador, o corpo de Tatiane estava no chão. Ele disse, inicialmente, que encontrou o passaporte de Manvailer em cima de um armário. Todavia, ao ver imagens do próprio depoimento na audiência de instrução, lembrou que o documento estava dentro de uma gaveta. Então fez a qualificação do hoje réu no caso.
Durante os questionamentos, Leandro disse que não viu sangue na sacada e nem corrimão. Todavia, entre muitas perguntas da defesa, Leandro não lembrava que uma moradora havia lhe chamado e dito que havia uma poça de sangue na sacada. “Fui lá e não era poça de sangue”. Conforme o investigador, essa moradora contou que ouviu gritos. “Não tive mais contatos com ela”.
Leandro resumiu que o trabalho feito por ele, se limitou ao local do fato. E que depois de levar duas testemunhas à delegacia e entregá-los ao escrivão, elaborou o relatório. Ele disse também que o delegado Wellinton Daikubara, que estava de plantão, não encontrava-se na delegacia, Após, a entrega do documento, o trabalho de Leandro se encerrou ali.
A ACUSAÇÃO
O interrogatório do investigador Leandro, agora à acusação, começou por volta do meio-dia desta sexta (7). O promotor Pedro Papaiz pergunta sobre a carreira profissional de Leandro. Um dos questionamentos remeteu ao número de prisão já efetuadas pelo investigador em seis anos de carreira. “Cerca de 428 indivíduos”.
Nesse viés, o promotor pergunta se o trabalho dele no dia do fato é para prender Manvailer. De acordo com Leandro, sim. Por isso, ele procurou saber detalhes do veículo para dar sinal de alerta em rodovias. Após várias perguntas e exposição de fotografias, o promotor questiona que sem essa atuação do policial, seria possível prender Manvailer. Leandro disse que não.
Perante a pergunta do advogado Gustavo Scandelari, assistente de acusação, se o policial confia no trabalho dos médicos legistas que atuam em Guarapuava, Leandro responde positivamente. Em outra resposta à Scandelari, o investigador disse que viu algumas imagens de agressões e da queda de Tatiane, pela mídia. Outras perguntas feitas a resposta foi “não lembro”.
Roberto Brezezinski, pede que Leandro simule a cena que viu quando Manavailer junta o corpo do chão. O advogado se apega à informação de Leandro de que o réu deu um impulso para colocar o corpo da esposa sobre os ombros. Pergunta também se Leandro tinha conhecimento que Manvailer toma anabolizantes, “puxa-ferro”. Ele diz que não sabia, mas que acha que sim, já o réu era “forte”.
Posteriormente, o juiz Adriano Eyng, que preside o julgamento, também questiona o interrogado. Uma das questões foi sobre por que o delegado Alysson Souza emite o laudo de Leandro, quando o delegado de plantão era Welinton. O policial responde que o plantonista não tinha bloco e utilizou o de Alisson.
FIM DO DEPOIMENTO
O interrogatório do investigador de polícia, acabou por volta das 13h, seguido pelo recesso de uma hora para almoço. Entretanto, duas questões são pontuais nas respostas do policial. A primeira delas, é em resposta à pergunta do juiz Adriano Eyng, se Leandro falhou em algum ponto da investigação.
Deixei de apreender o brinco que estava caído no elevador.
E outra, feita pela defesa, se ele acredita em feminicídio. Revendo comentário anterior ao júri, ele diz que agora não pode responder. Todavia, na pergunta feita pelo promotor sobre possível esquecimento de algum detalhe durante o trabalho investigativo, o policial diz que não. “Tudo o que foi possível fazer foi feito”.
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