Uma área equivalente a quatro Curitibas foi desmatada na Amazônia nos últimos dez meses. Numa região de dimensões continentais, o número não entra na lista dos desflorestamentos mais relevantes registrados na última década. Contudo, o indicador mais preocupante para o Instituto de Pesquisa Imazon, que realizou o levantamento, é a inversão na tendência: desde 2004 havia uma sequência de quedas nos índices de devastação de mata nativa e, do ano passado para cá, a curva se inverteu e voltou a indicar aumento nas proporções da derrubada.
Além do Imazon, há outros dois sistemas de detecção de desmatamento em território amazônico, ambos coordenados pelo governo federal. O Prodes, que é mais detalhado e consegue identificar desmates em áreas menores, é anual e no último relatório, divulgado recentemente com dados comparativos entre 2011 e 2012, indicou que está diminuindo a derrubada. Já o Deter é mensal e registra que a quantidade de área desmatada está em alta no último ano.
O Imazon começou a perceber a inversão na tendência a partir de agosto de 2012. “Os próprios dados do governo já estão indicando uma tendência de aumento no desmate”, comenta Martins. Para ele, a divulgação de uma informação mensal e atualizada precisa servir de alerta para que ações sejam tomadas. Contudo, o pesquisador conta que é perceptível no mapeamento que quando o combate ao desmatamento se acentua em uma determinada área, há a migração dos criminosos para outras regiões conservadas. “Também temos notado menos desmatamento de grande porte e mais casos isolados”, diz.
Martins explica que boa parte dos registros de desmate acontecem a partir de junho – reforçando o alerta para que medidas sejam tomadas. Durante os primeiros meses do ano, o clima chuvoso dificulta o trabalho da derrubada e a floresta fica mais resistente ao fogo. Além disso, mais nuvens cobrem a região, atrapalhando a detecção dos casos.